Marco_2007 - page 77

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R E V I S T A D A E S P M –
MARÇO
/
ABRIL
DE
2007
Entrevista
ranking
. Vocês são o segundo país
do mundo lidando com isto, logo
após os EUA.Você acha que vai se
expandir? Em que base?
ROB
–OBrasil éumpaís fascinante
porque,nomeioambiente,nomeio
social, tudo se torna tão popular. É
verdade. As pessoas pensammais,
na internet, em inglês, emenos em
função da expressão característica
de cada país. Acho igualmente im-
portante o
e-bay
, que é uma ferra-
menta na internet que leva a estes
ambientes de
second life
, “vida”
virtual, mundos virtuais. São fer-
ramentas sociais que muitas vezes
promovem o escapismo, além das
coisasaqueestamospresos,navida
quotidiana. Também pode ser um
jeito de abrir novas possibilidades
de tal forma que, se desejarmos
encontrar pessoas com interesses
semelhantes aos nossos, nomundo
inteiro, a cibercultura nos auxilia;
fazemos contatocomoutros fãs, no
setordegames,deoutros lugaresdo
mundo. Algumas pessoas “vivem”
nesses nichos extremistas, nessas
redesmundiais de engajamento so-
cial.Masháoutroaspecto.Apessoa
tem avatares o suficiente. Fala com
as pessoas comquem fala tododia,
depois chega em casa e continua
conversando, têm de manter con-
tato. Quando se encontrarem da
próxima vez, cara a cara, a intera-
ção terá algo a mais, essa outra
dimensão virtual incorporada. As
trocas que as pessoas fazem pelos
micros, nem que seja só de texto
– dizem coisas, pelo computador,
que jamais diriam cara a cara. Esse
éum tipode interação social exces-
siva, uma verdadeira sobrecarga de
interação social virtual. É algo que
passará?Achoquenão.Vai-se tornar
mais profissionalizado, apenas. Os
avataresno
Blackberry
não falam só
de juventudemasvemososmesmos
padrões de troca em viagens. Por
exemplo,quantoaonomenoSkype,
voice over
na internet. É muito
fácil sempre acrescentar mais um
comentário sobre qualquer tema.
Você pensa: “Qual é a extensão
destemundo juvenil doorkut? Será
que há mesmo tanto o que dizer
24 horas por dia?” Às vezes, olho
para trás epenso “nãoéalgoque já
fizemos uma única vez, em algum
lugar do passado?”
GRACIOSO
– Entendo que você
está falando da internet como um
meio de interação social, escape à
realidade, mas – se nos ativermos
ao tema original, a cibercultura e
consumo – o que pensa sobre o
consumo propriamente dito? A
cibercultura em si leva a algum
ambienteespecial,quantoabensde
consumo, serviços ou idéias?
ROB
– Jámencionei o
e-bay
, como
algo interessante. Pense mais radi-
calmente sobre o ciberespaço, em
determinada instância, há uma
nova gama de mídias, ambientes
midiáticos virtuais em que, muitas
vezes, o conteúdo independe da
forma. Por exemplo, uma música
emCD,odownloaddeumacanção,
ouumamúsicanumDVD, que vira
“vídeo-musical”. Por exemplo, um
jingle relacionado a uma marca.
Estes novos objetos, novas mídias
para as marcas – têm certo tipo de
“ecologia” ou ambiente, principal-
mente para comunicações media-
das por computadores. Estavamnas
páginas das revistas, mas omundo
da cibercultura viabilizou mostrar
tudo na tela, mesmo que já tenha
estado na televisão. Não se trata,
simplesmente,deconsumiralgoem
particular,massim todoumambien-
te de coisas. Comprar coisas com
marcas, por exemplo. Temos que
começar a entendê-las como tipos
de coisas em particular, passando
por intermediações intangíveis, até
os consumidores. Mas vocês são
expertsnoassuntoeeunemdeveria
estar falando disso...
GRACIOSO
–NoBrasil enoCanadá
é provavelmente a mesma coisa. A
internetcomomeiopublicitárioainda
é secundário– sua fatia levacercade
2% dos orçamentos publicitários em
geral,cifrabastantepróximadanorte-
americana. Isto significariaquenãoé
umbommeioparaanunciar?Vê-sea
internetcomocapazdeconstruirmar-
cas,alémdeseusaspectossociaisede
comunicação.Eé,cadavezmais,um
canaldevendas.Seráeficaz?Amarca
quebuscamos estápresentenanossa
mente. Então, pesquisamos na inter-
net, comparamos preços, condições
devendaetc.Masnão se tratadeum
ambiente persuasivo, especialmente
sepensarmosnasmarcas...
ROB
–Éumbomdesafio.Achoque
outras mídias publicitárias estão
“atravessando” a internet.
“SÃO FERRAMENTASSOCIAISQUEMUITAS
VEZESPROMOVEMOESCAPISMO.”
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