Marco_2007 - page 76

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MARÇO
/
ABRIL
DE
2007 – R E V I S T A D A E S P M
GRACIOSO
– O que é, na sua
opinião, a cibercultura? É uma cul-
tura em si ou fazpartedeumanova
cultura que se está desenvolvendo,
especialmente entre os jovens?
ROB
– Diria que faz parte de uma
cultura mais ampla. Vejamos a pri-
meira parte da sua pergunta, sobre
a apropriação cultural das comuni-
cações através de computadores,
especialmente por parte da juven-
tude. Toda a organização racional
da sociedade teve suas origens no
campomilitar, depois passouparaa
economia. Foium sistemaeconômi-
co lançadoporelesedepois tomado
emprestado pelas pessoas e seus
fluxos emocionais, seus afetos,
cartas de amor,música etc. Então, a
primeira resposta seria dizer que é
um fenômeno único, novo que, de
certa forma, levouao surgimentode
novas especializações acadêmicas.
O queme parecemais interessante
sobre a chamada cibercultura é a
maneira como interage em nossa
vida quotidiana. Há uma espécie
de transborde do computador, de
todasequaisquermídiasquepassam
pela interface de um computador.
Não apenas se adapta aos padrões
culturais preexistentes, às tradições
e à maneira como as pessoas per-
manecememcontato,mas, também,
o modo como interfere em todas
estas relações. Isto é oquemaisme
interessa. Não é passageira – é uma
manifestação e-pop, interesses e
preocupações que já vêm de longa
data. Realidades virtuais e bens in-
tangíveis.Noentusiasmoda internet,
muitasvezesdetectamosa importân-
ciacontínuaqueaspessoasdãoaos
chamados “intangíveis”.
.
Mas as
pessoas jamaisperderamo interesse
na espiritualidade, em tudooque é
intangível,ounaesferacomunitária.
Até os americanos mais “pés no
chão”mantêm o interesse e a fé na
virtualidade apesar de – aomesmo
tempo – desposarem um conjunto
de valores bastante empírico.
MÁRIO
–O que significa a palavra
cyber
?
ROB
– É um termo que teve seu
sentidomaisexpandidodoqueaeti-
mologiaeo sentidooriginais.Cyber
tornou-se não apenas relacionada
ao saber e aos sistemas de comuni-
cações, mas adquiriu o sentido de
“simulação”. Éumaespéciedevida
mediada.Aspessoasencontramuma
sériedemediaçõesno seudia-a-dia,
seja ao falar pelo telefone celular,
ao lidar com algum fenômeno que
esteja acontecendo do outro lado
doplaneta,mediaçõesem todo tipo
de estruturas sociais institucionais.
Procurarveratravésdessasestruturas
sociais,olhardepoisna internetpara
verificaralgo“cyber”, creioque isto
é a denominação atual de “cyber”,
além do sentido estrito da palavra.
É interessante o que ocorre no Ca-
nadá, por exemplo, onde a palavra
saiu da esfera das comunicações e
foi levada ao campo dos
games
e
até de festas.
MÁRIO
–Você faladevirtualidade,
internet... O que acha desta onda
gigantede
secondLife
,uma“segun-
da vida”? Como é isso no Canadá?
Aqui,háumaquantidadedepessoas
que têm uma “vida dupla”, uma
second life
, até para os negócios.
O Brasil está em quarto lugar no
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