Janeiro_2008 - page 101

Mesa-
Redonda
100
R E V I S T A D A E S P M –
JANEIRO
/
FEVEREIRO
DE
2008
“ELESPERGUNTAM: -PORQUENÃO
MEDISSERAMTUDO ISSOANTES?”
uma ilha de fantasia sobre essa
macro-realidade. Mas, no nosso
dia-a-dia, a gente não vive só
de crise; no dia-a-dia, a minha
empresa não está sendo com-
prada, o resultado de vendas está
indo bem, e é preciso gerenciar
bem as pessoas sabendo que
existe essa realidade de fundo.
Agora, voltando à motivação,
de que forma você monta a
sua organização? Na estrutura
da sua empresa, os postos são
desqualificados, ou são muito
especializados? As pessoas não
têm autonomia ou você montou
a sua organização dando-lhes
um espaço vital importante? E
você delega? Não adianta ter es-
paço vital sem responsabilidade
– e precisa dar formação – você
tem uma universidade corpo-
rativa? Esse conjunto de coisas
independe da crise – porque o
pano de fundo não é de crise,
mas de realidade.
PAULO
– Eu não usaria o termo
instabilidade, mas simmudança.
Certa vez, alguémme disse: “se
eu abrir uma loja de ferragens,
não preciso de inglês ou espa-
nhol, não preciso me preparar”.
Perguntei: e se vier uma empresa
espanhola e abrir uma ferragem
em frente à sua, com caracterís-
ticas mais competitivas? Você
nem vai poder dizer “buenos
dias” para a pessoa, porque não
sabe espanhol. Já passei por
várias empresas, joint-ventures,
junções de empresas, já tive
oportunidades de participar de
desligamentos emmassa, lay-offs
etc., e entendo que temos de nos
preparar para essas coisas, que
não são boas nem ruins. É o dia-
a-dia. O sonho da estabilidade é
uma visão do passado em que se
decidia: vou ser médico ou vou
trabalhar no Banco do Brasil.
Acho que as empresas podem
dedicar-se – não a mudar esse
ambiente, porque as mudanças
sempre vão existir – mas a pre-
parar melhor as lideranças para
lidar com as pessoas, nesse
processo.
JR
– Peço agora aos nossos con-
vidados que contribuam com
algum conselho ou sugestão
específica para nossa Escola e
outras instituições de ensino
superior.
LUIZ EDMUNDO
– Está no
momento de pensar em um pro-
grama universitário que leve em
conta as questões que estamos
discutindo e que possa ajudar
a formar gestores de pessoas.
Profissionais que sejam agentes
demudança.Vimos que há deter-
minados tipos de competências
que podem ser desenvolvidas a
partir da universidade. Lembro-
me de quando tínhamos o Pro-
jeto Rondon, no Brasil, que era
como o período de residência
médica, em que as pessoas vão
à realidade da vida. Temos o que
aprender com instituições que,
milenarmente, têm cuidado bem
de liderança, e não só as empre-
sas. Vamos descobrir lideranças
em equipes esportivas, não
importa a modalidade – vôlei,
futebol – no esporte coletivo,
em que não só os que estão em
campo, mas toda a estrutura da
cadeia de valor faz com que o
time seja vitorioso. Precisamos
ter um programa com esse olhar
para o futuro, um olhar mais
transversal, para a questão da
competência e – aomesmo tem-
po – que dê instrumentos a esse
gestor de pessoas, com as com-
petências que fazem a diferença;
porque o que é insubstituível é a
competência.
PAULO
– Uma coisa que tive,
durante aminha carreira – e acho
que as universidades podem
ajudar – é omentor. Todos temos
os nossos mentores, começando
pelos nossos pais, passando por
amigos, tios, primos, que são o
conceito de mentor como pes-
soa que eu admiro, de quem
digo “gostaria de ser você” não
por inveja, mas por admiração.
Nós temos esses mentores na
nossa vida, mas me parece que
– em determinado momento
– como quando estou entrando
na universidade e começando
os meus estudos, isso se perde.
Eu entendo que as universidades
são vastos bancos de mentores,
de pessoas com conhecimentos
teóricos, práticos – e que estão
disponíveis, entre os professores
e na rede de relacionamento da
própria universidade. Eu não sou
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