Janeiro_2008 - page 96

Gestão deRH
como fator competitivo
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JANEIRO
/
FEVEREIRO
DE
2008 – R E V I S T A D A E S P M
Ð
GRACIOSO
– A Cia. Vale do
Rio Doce ameaça o governo
de cessar os investimentos, se
o Ministério do Trabalho não
mudar a política que, pratica-
mente, impede a contratação de
estrangeiros no Brasil. Eles não
sabem mais onde encontrar os
engenheiros de que precisam. A
Embraer também. Querem trazer
engenheiros de fora e o MT não
permite.
PAULO
– Eu gostaria de abordar
essa questão sob duas óticas:
primeiro a da expectativa com
relação à gestão de talentos,
por parte da pessoa que tem o
talento; e a outra é a expectativa
do lado das empresas. Concordo
com o que Luiz expôs, mas
o que vejo são esses talentos
especiais – tidos como futuros
executivos, futuros gerentes de
pessoas – com uma expectativa
muito grande, quando entram
em uma organização, fazendo
com que as empresas acelerem
e, às vezes, “queimem” algumas
etapas necessárias para o desen-
volvimento das pessoas...
JR
– “Queimando” as pessoas?
PAULO
– Algumas vezes, sim.
Pode acontecer de se promover
uma pessoa para gerenciar ou-
tras, sem que ela ainda tenha
capacidade para isso. Acaba por
forçar situações quedepois, láno
futuro, refletem até em proble-
mas legais, como assédiomoral.
São pessoas que pensam assim:
“temos de fazer acontecer”. Sob
a outra ótica, vejo pessoas com
habilidades, conhecimentos,
mas só algumas usam essas ha-
bilidades e esses conhecimentos.
Para mim, é o que diferencia o
talento especial do talento em
geral. As empresas têm expecta-
tivas, a partir do investimento em
determinado profissional, de que
isso se transforme em resultado
para a organização. Ora, muitas
vezes, conhecer duas ou três lín-
guas, ter vivido em vários países
e conhecer diversas culturas não
será um diferencial competitivo
dentro de uma organização
específica. Há coisas que, às
vezes, consideramos básicas
e que, no Brasil, ainda não
são. Exemplo: línguas. Profissio-
nais formados no exterior, com
MBA, normalmente têm fluência
em inglês e espanhol.
Mas aquela fluência é
apenas um conheci-
mento, uma habilidade
de comunicação. Assim
como a informática,
que costumamos tratar como
coisas muito básicas mas que na
verdade não são...
MARCOS
– Como é a questão
da excelência, em termos do
talento? Esse conceito pode
diferenciar-se bastante de uma
empresa para outra. Nesse mo-
mento, estou na Telhanorte, que
é uma organização de varejo, do
grupo Saint-Gobain. São lojas,
que abrem aos domingos. Tra-
balhei em projetos de
trainees
na
Saint-Gobain, e agora trabalho
nos projetos da Telhanorte. En-
tão, fazer com que esses jovens
de alto nível venham trabalhar
no domingo é um problema...
GRACIOSO
– Precisa vocação,
mesmo.
MARCOS
– Talvez mais do que
isso. Então qual é o conceito de
excelência em cada tipo de or-
ganização?Acho isso primordial.
Em qualquer hipótese, o nível
superior tem de ser constituído
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