Janeiro_2008 - page 97

Mesa-
Redonda
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R E V I S T A D A E S P M –
JANEIRO
/
FEVEREIRO
DE
2008
“GESTÃODETALENTOSDEIXOUDESER
UMAQUESTÃO LOCALPARASERGLOBAL.”
por verdadeiros talentos, porque
é o que vai balizar o conceito de
excelência para o resto da organi-
zação, vai repercutir – em cadeia
decrescente – daí em diante. O
segundopontoé: há10ou12anos,
lembroque,nogrupoSaint-Gobain,
lançamos o projeto
trainee
como
umaespéciede jovenssalvadoresda
pátria, verdadeiros heróis. Usando
força de expressão, contratavam-
se centauros: metade homem e
metadecavalo. Eelesapresentavam
uma relação difícil com o resto da
organização. Isso impactoumuitoe
–aomesmo tempo–não resolviao
problema; porque, na organização
moderna, énecessárioumconjunto
de lideranças que funcionem bem,
e não super-heróis. Como imaginar
–numaorganizaçãodevarejo–que
vou ter 300 super-homens? Não
tenho como pagar os altos salários
para isso,nem tenhocapacidadede
atração; nenhum varejo tem...
JR
– Para ajudar a entender, seriam
300 líderes para quantos funcioná-
rios, no total?
MARCOS
–Cercade3.600funcionários.
JR
– Então, 10%da equipe seriam
líderes.
CÉLIA
– Quero colocar outra
questão, que pode ser paradoxal.
Temos jovens bem preparados, que
–às vezes –passamumanooumais
vivendo fora doBrasil, participando
dos convênios que temos com as
universidades estrangeiras. Apesar
deumbomporcentualdesses jovens
ir paraasmelhoresempresas, temos
ainda boa parte com dificuldades
parasecolocar.Talvezesteja faltando
um“decodificador”,porqueo jovem
se sente frustradopor ter trabalhado,
estudado, viajado para fora, ter
estudado inglês, espanhol, japonês
– temos um grupo na ESPM que
estudamandarim – e não consegue
se colocar. Ele vai de um processo
seletivo aooutro enão encontra sua
oportunidade. O que está faltando?
JR
–Eouvimos,ainda,que faltagente...
MARCOS
– É preciso ver se a per-
gunta cabe no caso de jovens que
se candidatam aos programas de
trainees
. Um programa desses, nas
nossas empresas, resulta em 10 a
30 mil candidatos para 20 vagas. É
dez vezes mais difícil do que entrar
na mais desejada faculdade, como
medicina, por exemplo. A entrada
pela porta do
trainee
, noBrasil, não
é uma entrada normal: é o caminho
do príncipe – e nem todomundo é
príncipe...
PAULO
–Vocêdizuma coisa certa:
um programa de
trainee
temmuito
mais candidatos do que o número
de posições. Isso porque a maioria
procura organizações grandes, de
renome, que lhedêemcondiçõesde
crescimentoeprojeção.Mas éclaro
que não há lugar para todos nessas
organizações, mesmo para os que
têm talentos. Então, se o caminho
diretonãoépossível, épreciso traçar
um caminho alternativo. Há muitas
empresas menores, que são boas,
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