Janeiro_2007 - page 93

licidade tanto para a própria pessoa
quantoparaos outros.O “amálgama
espiritual”aindaexpressaclaramente
a preocupação com o bem-estar do
próximo (solidariedade e respeito
ao semelhante). Assim sendo, não
é imprescindível estar ligado a uma
religião, seita ou sistema metafísico
para desenvolver tais qualidades. Já
Hawley (1995, p. 17-18) vê a espir-
itualidade como objetivo e religião
como caminho, e o mesmo autor
apresenta as diferenças entre religião
e espiritualidade, conforme constam
noquadro2.
Sejacomo for,aespiritualidadeabarca
elementos extremamentepoderosos.
Pode-se afirmar, com base no que
ressumada literaturaconsultada, que
ela remove o que há de “pior”, ao
mesmo tempodeixando (ouativando)
o que há de “melhor” em cada um
de nós. No LT ela se exterioriza nas
pessoas de várias formas, mas sem-
pre atrelada a alguma sensação ou
sentimento positivo e de bem-estar.
Por exemplo, Pierce (2001, p. 86-87)
lembra que parte da EAT é assegurar
queosempresárioseexecutivosvejam
os benefícios deumambientede tra-
balho feliz
.Omesmoautorensinaque
EATdiz respeitoàevangelização,não
pormeio de proselitismo ou de uma
forma fundamentalista, mas de um
tipo estribadomais em ações doque
empalavras.AdisciplinadaEATpode
ser praticada, em sua opinião, sem
a necessidade de se forçar as nossas
crençasreligiosasemninguém.Econ-
clui que o propósito dessa disciplina
deveserodeconverteraspessoasnão
ao nossomodo particular de pensar,
mas a uma vidamelhor no trabalho,
o quemostra, em nossa visão, a im-
portânciadoassunto.
5.
ESPIRITUALIDADE
NASEMPRESAS
Considerando que a maioria das
pessoas suporta uma fé religiosa ou
noção de espiritualidade, é natural
supor que elas carreguem suas con-
vicçõesparaosLTs.Pode-sedizerque
as suas atitudes e comportamentos
tendem a refletir o grau de afinidade
econgruênciacomosquaisdesposam
tais crenças e princípios. Omesmo
ocorre com o comportamento das
organizações, pois convém recordar
que as empresas são formadas por
pessoasquepara lá levam todaacarga
de valores e ideais que as sustentam.
Portanto, a prática empresarial tende
aespelharexatamenteaquiloqueseus
componentes acreditam e defendem
inclusive os aspectos morais (Ander-
son, 1997).Quandoagestãodeuma
organização émovida por princípios
elevados, torna-se,naspalavrasquase
poéticasdeNeal (1999), umnegócio
consciente, indo além da responsa-
bilidade corporativa, incorporando
valores básicos e idéias calcadas no
espírito para melhorar o ambiente
em que ela atua e inspirando seus
esforçose iniciativasemassumirmais
responsabilidadepeloabastecimento
daalmahumana.
Com propriedade, Oliveira (2001)
argumenta que as empresas jamais
poderão tratar o assunto espirituali-
dadede forma tãoabrangenteedireta
comoas religiõeso fazem. Ele lembra
quecada instituição tema sua função
específica.Noentanto,eleressalvaque
as empresas detêmumenormepoder
paramudar–paramelhor,obviamente
–omundoeaspessoas.ParaOliveira,
talveznãoexistaoutra instituição–ex-
ceçãoda família–com talpoder,nem
mesmoareligião.Defato,sãomuitasas
evidênciasacorroborar tal assertiva.
Segundo Oliveira (2001, p. 67), o
trabalhodas empresas edas religiões
na espiritualização das pessoas deve
ser de complementaridade, tendo-se
emvistaque:
v
As religiõesmostram-nosocaminho.
v
Asempresasnosdãoaoportunidade
de trilharocaminho.
v
As religiõesensinamo respeitoe
oamoraopróximo.
v
Asempresasnosdãoaoportunidade
deamare respeitaropróximo.
v
As religiõesnosensinamaorareasempresas
nosdãoaoportunidadedearar.
Hawley (1995) interpreta o que está
acontecendo como a chamada do
objetivo, do significado e do caráter
davidaenos negócios; éachamada
doespíritoquenãosedestinasomente
aos indivíduos.Briskin (1997)oferece
outra reflexão intrigante, isto é, as
organizações refletema luzda socie-
dade mais ampla. Para esse autor, o
queacontecenasociedade–perdade
valoresessenciais,utilizaçãodebodes
expiatóriosepânicoporsoluções–,re-
verberanasempresas.Admitamosque
a relação causal é consistente. Mas
Briskin (1997) sensatamente adverte
sobreodesafiodesecriarcenáriosque
representemo ser humanocomoum
todo,oque implica, inicialmente,em
enfrentar adinâmicada sombra.
Noplanomais prático,Matos (2001,
p. 15) considera que a abordagem
espiritual nocontextodasempresasé
caracterizadapor:
v
Verdadescomuns.Afilosofiadaempresa.
v
Propósitos institucionais.Amissãodaempresa.
v
Orientaçãoàação.Aspolíticasorganizacionais.
Anselmo Ferreira
Vasconcelos
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