Janeiro_2007 - page 97

humana não “rezam” pelos ditames
da espiritualidade. Embora existam
muitos outros benefícios associados
àespiritualidade, dadas as limitações
deespaço,nestaseçãonosdetivemos
aos essenciais.
7.DESAFIOS,
IMPLICAÇÕESE
RECOMENDAÇÕES
PARAFUTUROS
ESTUDOS
Aessaalturada investigação revelou-
se que os benefícios e os desafios
da ELT são igualmente significativos.
Migrar de um padrão assentado no
materialismo exacerbado e no lucro
inconseqüenteparaaproposta
espiri-
tualizante
envolve a superação de
gigantescosobstáculos. Entretanto, se
as dificuldades são consideráveis, as
recompensas, aparentemente, tam-
bémosão.Nãoéuma tarefa fácil,mas
é perfeitamente viável. ParaMitroff e
Denton (1999a), as organizações só
enfrentarãoosdesafiosdessemilênio
se lidaremcomaspreocupações liga-
das à EAT. Em nossa visão, tais preo-
cupações estão fortemente apoiadas
naconcepçãodeprogressohumano.
Neal (1999),porsuavez,especulaque
asempresasdeverãoseradministradas
demaneira diferente neste século. E
umdossinaisdemudança,segundoo
autor, éo fatodequeasorganizações
estão começando a levar mais seria-
menteas suas declarações devalores
e de missões. A coerência que os
administradores terão de demonstrar
emrelaçãoaocumprimentodessasdi-
retrizes exigiráumesforçohercúleo.
Um outro aspecto desafiador será
o de reconhecer que, para as em-
presas se manterem competitivas,
deverão ser altamente sensíveis às
necessidades e expectativas de seus
empregados (HermaneGioia,1998).
Desconfiamos queorganizações que
tratarem seus funcionários sem a
devida consideração e respeito terão
sériasdificuldades ematrair emanter
osmelhores talentoshumanos. Sobre
isto, Herman e Gioia argumentam
que os trabalhadores não estãomais
dispostos a fazer parte de um am-
biente autoritário e desumano. Mas,
seascondiçõesnãopermitiremaeles
imediatamenteseafastardosLTscom
taiscaracterísticas,provavelmentena
primeiraoportunidadeo farão.
Obviamente,às liderançascaberáum
papel fundamental na construção da
EAT. Nesse sentido, bons líderes po-
dem levar asorganizações (incluindo
as pessoas) ao “céu”, enquanto os
maus podem levá-las ao “inferno”.
Comamesmapreocupação,Thomp-
son (2000) adverte que se os execu-
tivos seniores compreenderem quão
vital umAT espiritualizado é para as
metas corporativas, eles certamente
darãomais apoio ao seu desenvolvi-
mento. Apropriadamente, Konz e
Ryan (1999) ressaltamqueaespiritu-
alidadedos lídereséchaveparaaELT.
Segundo Frost (2003), eles podem
criar uma cultura organizacional
impregnadade reaçõescompassivas,
investindo nos processos de pre-
paraçãodas pessoas para responder
àssituaçõesmaispenosasdemaneira
generosa, afetiva e respeitosa.
Portanto,quantomaisespiritualizados
os líderes forem,bemmaioresaspers-
pectivas de ambientes harmonizados
eequilibrados. Eaí resideumdesafio
crucial, ou seja, o de se conhecer os
benefícios da espiritualidade. Como
não é matéria ainda ensinada nas
escolas de administração brasileiras,
caberá aos interessados empenho
em dominar um assunto que não é
absolutamente esotérico, hermético
oudogmático,pelomenosnoquediz
respeitoàs suas implicaçõesmorais.
À guisa de sugestão, futuros estudos
deveriam apurar, entre outras coisas,
como as pessoas lidam com a ELT,
isto é, associações, práticas, rotinas
e hábitos religiosos-espirituais ado-
tados para lidar com as crescentes
pressões existentes, bem como os
mecanismos usados no trato (1) com
chefiasautocráticase (2) ecomo fato
de trabalhar para empresas aéticas,
exploradoras e insensíveis ao bem-
estardos seus funcionárioseaomeio
ambiente.Quantoàs lideranças, seria
muitoelucidativoauscultar quais são
as estratégias utilizadas por esses
profissionaispara lidar coma fépar-
ticular dos liderados e se a questão
espiritual e/ou religiosa serve de
inspiraçãonas tomadasdedecisões.
E para empresas, a investigação de
índices de absenteísmo,
turnover
,
burnout
, satisfação no trabalho e
clima,porexemplo,poderiadaruma
idéiado grau vigentede ELT.
8. CONCLUSÕES
Diferentemente dos padrões que até
entãodominaramaspessoaseorgani-
zações, a concepção espiritual vem
romper comcrenças evalores exclu-
sivamentemateriais, daí o seucaráter
aparentemente “revolucionário”.
Trata-se de umamudança radical de
paradigmas.Poroutro lado,espirituali-
dadenãoéumassuntotãonovoassim,
dadaa suaestreita ligaçãocomas re-
ligiões.Oseuapeloécompletamente
voltadoao interior,àconsciência,aos
Anselmo Ferreira
Vasconcelos
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