Janeiro_2007 - page 96

em empregados e organizações, ela
é relevante porquemuitos CEOs não
irãoaceitarsuaprática,aomenosque
ela favoreça a linha de lucro. A essa
altura, entendemosqueasmudanças
que a idéia de espiritualidade enseja
podem contribuir também para os
resultados. A propósito, Mitroff e
Denton (1999a) avaliam que se as
organizações desejam ser lucrativas
no longoprazo, precisamaprender a
como ser espiritualizadas.
Diante disso tudo, uma empresa só
podeserclassificadadeespiritualizada
a partir domomento em que ela, tal
qual as pessoas que a compõem,
passa a ser movida por valores. E o
lado mais saliente dessa virtude é a
práticaincessantedaéticanasrelações
edecisõesenocomportamentomoral
irreprochável dos seus dirigentes.
Sejam as organizações movidas por
atitudesbenignasecooperativas– isto
é, calcadas na espiritualidade –, ou
focadas na manutenção do valor de
suas reputações, o temadaéticapas-
souaserumapreocupaçãocrescente
(Zylbersztajn, 2002).
Hoje, a dimensão
responsabilidade
social
é uma questão empresarial es-
tratégicae, como tal, deve ser tratada,
indiscutivelmente, como um investi-
mentoquemelhoraaperformancede
longoprazodasempresas(Varadarajan
e Menon, 1988, p. 59), apesar de
muitasempresasencararem-na–junta-
mente com sustentabilidade – como
coisa somente ao alcance dos ricos
(Handy,2002).NaopiniãodeHerman
e Gioia (1998), clientes, acionistas e
outros
stakeholders
estãoprocurando
pormais doque apenas lucro, oque
não deixa de ser auspicioso, pois
organizações que não praticarem a
responsabilidadesocialtendemarece-
berodesprezode todaa sociedade.A
visão
,porsuavez,paraser integradora
deve necessariamente ser comparti-
lhadaentreseusmembros.Nãohámais
dúvidaem relaçãoa isso.
Conforme Senge (1998, p. 235),
“Uma visão compartilhada, espe-
cialmente uma visão intrínseca, ele-
va as aspirações das pessoas. O
trabalho torna-se parte da busca de
um propósito superior incorporado
aos produtos e serviços das organiza-
ções...” E o mesmo autor acrescenta
que “As visões sãoexcitantes.Criam
a centelha, o entusiasmo que eleva a
organização domundano [...].” Se a
visão forsuficientementeconvincente,
os empregados terão orgulho em se
envolver e dela fazer parte. Nesse
sentido, Neck e Milliman (1994) es-
clarecem que o desenvolvimento de
uma visão espiritual pode amarrar os
empregadosàempresaeelevar aper-
formance, segundoThompson (2000),
baseado em estudos efetuados pela
HarvardBusiness School eVanderbilt
UniversityBusiness School, em400a
500% em termos de ganhos líqüidos,
retorno sobreo investimentoeovalor
paraos acionistas.
No bojo da EAT, está a
valorização
humana
; é uma condição
sine qua
non
. Não como um artifício retórico,
mas através de ações concretas. Do
contrário,se temadesconfiança,oce-
ticismoe,porfim,adesarmonianoLT.
Maisgraveainda:aperdade talentose
capitalhumano,cujasubstituiçãopode
atéser,dependendodascircunstâncias,
impossível.AvalorizaçãoparaOliveira
(2001, p. 69) significa enxergar cada
funcionário na sua condição plena,
isto é, biológica, mental, emocional,
espiritual,filosóficae social. Ea razão
dessa tendência, segundo ele, não é
filantrópica, mas é que as empresas
estão se tornando mais inteligentes.
Finalmente, elas descobriram que
nessemundo sistêmico e interligado
elas só sobreviverão se obtiveremdo
seupessoalum trabalhodeverdadeira
equipe em que predomine a visão
holística. E equipes, lembra o autor,
são formadas de pessoas. Segue daí
a inevitabilidade de as empresas
valorizarem e respeitarem, crescen-
temente, seus funcionários. Quem
procededemodocontrário,provavel-
menteenfrentarásériosproblemasno
futuro. Por fim, um outro elemento
crítico e indispensável é a
qualidade.
Com qualidade queremos dizer a
preocupação com o provimento de
produtoseserviçosqueembutamuma
perspectivasocietal.Ouseja,soluções
que apresentem qualidade de vida e
que, por issomesmo, contemplem a
sociedade (bem-estar dohomem), os
consumidores (satisfação de desejos)
edasempresas (lucro)conformereco-
mendamKotler eArmstrong (2003).
Podemserconsideradosexemplosde
tais condutas: (1) Johnson& Johnson
no caso da adulteração das cápsulas
deTylenolque,nãoobstanteageração
deumaperdaimediatade240milhões
dedólares, fortaleceuaconfiançaea
lealdade do consumidor para com a
empresa e a marca continua a ser a
mais consumida nos Estados Unidos
(Kotler eArmstrong, 2003); (2) acres-
cente onda de produtos orgânicos
(Loturco, 2002); e (3) o lançamento
de um produto mais saudável da
Elma Chips (O Salgadinho..., 2002).
Acreditamosqueasociedade tenderá,
cada vezmais, a execrar produtos e
serviços não saudáveis. Sugerimos
que as empresas que desrespeitam o
meio ambiente, funcionários e con-
sumidores e que prejudicam a saúde
Espiritualidade
no ambiente de trabalho
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