Janeiro_2007 - page 105

APSEN
Farmacêutica
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JANEIRO
/
FEVEREIRO
DE
2007 – R E V I S T A D A E S P M
nas ruas pela rotina da empresa.
Foram necessárias muitas conversas,
inclusive com parentes de Tatu para
convencê-loa fazerumaexperiência.
Depois queeleaceitouapropostade
empregoaprimeiradificuldadequea
empresa encontrou foi a de ajudar o
Tatuaalcançarascondiçõesmínimas
paraviabilizaracontratação.Tatunão
tinha documentos, não sabia ler, não
conhecia números, nunca tinha con-
sultadoummédico. Paracontornar as
dificuldades burocráticas, a empresa
disponibilizouumdos colaboradores
da área de RH para ajudar o Tatu
com os trâmites burocráticos para a
admissão.
Primeiramente, CarolinaAlves Lopes,
Analista de RH, acompanhou oTatu
até um Poupa-Tempo para tirar a
documentação. O segundo passo
foi acompanhá-lo no examemédico
admissional. Em virtude das pés-
simas condições de vida em que ele
vivia, Tatu foi reprovado no exame
médico. Ao invés de desistir diante
das dificuldades, Carolinao levou ao
Departamento de Pesquisa&Desen-
volvimento da APSEN, onde ele foi
examinado peloDr. Carlos Paris, Su-
perintendente,oqual fezumasériede
orientaçõesmédicas.Foramrealizados
váriosexamese todasasprovidências
necessárias foram tomadas para que
Tatu conseguisse ser aprovado no
examemédico. Com esse esforço, as
condições de saúdedeTatumelhora-
rammuito.
Outra dificuldade que Carolina teve
de enfrentar foi encontrar uma ma-
neirade fazeropagamentodo salário
de Tatu. Como a idéia de realizar o
pagamento do salário em dinheiro
traria dificuldades operacionais para
aempresa,Tatunão sabiausar cartão
eletrônico e nunca havia entrado em
umbanco anteriormente, Carolina se
dispôsa realizarum treinamentocom
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Tatu, oprotagonistaanônimodeuma
dessas milhares de histórias, nasceu
José JoaquimConceição. Solteiro, 53
anos, passouavida toda lutandopara
sobreviver. Ajudar oBrasil a escolher
seuPresidente, desenvolver o sentido
de cidadania ou mesmo pertencer
a um grupo, nunca foi sua principal
preocupação. Antes, suamaior preo-
cupação era garantir seupróprio sus-
tento.Analfabeto e semdocumentos,
Tatu trabalhou nos últimos 17 anos
como“catador”depapelão.
Tatu passava o dia juntando papelão
pela região de Santo Amaro, em-
purrando um carrinho, seu único
patrimônio,emcompanhiadeumcão
tão indigentequantoele.
Grande parte dos papelões era reco-
lhida nas várias empresas que atuam
na região.Dentre elas, umadas prin-
cipais “fornecedoras” de Tatu era a
APSEN Farmacêutica, uma empresa
comvocaçãopara serdiferente.
Em 2004, a APSEN, que estava pas-
sandopor umagrande transformação
em seumodelodeGestão, implantou
o PAR (Programa APSEN Recicla),
que tem como um dos objetivos a
reciclagem de papelões. Preocu-
padocomoprejuízoqueoprograma
causariaparaoTatu,RenatoSpallicci,
Presidente da APSEN, argumentou
que, aestaaltura, oTatu já faziaparte
da história daAPSENhá tanto tempo
queestavanahoradecontratá-locomo
funcionário.
Não foi tarefa fácil convencer oTatu
de que valeria a pena trocar a vida
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