Janeiro_2007 - page 85

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R E V I S T A D A E S P M –
JANEIRO
/
FEVEREIRO
DE
2007
Mesa-
Redonda
15 anos, porque é certo que estará
debaixod’água”. Então, hápressões
do meio ambiente, da sociedade,
das convulsões sociais que estão
forçando as pessoas a reconsiderar
seus próprios valores e práticas.
Não sei se será o cataclisma que
ganhará, ou se seremos nós, mas
tenho de apostar no ser humano.
JR
–Seriaadequadousaraexpressão
“uma ética para a sobrevivência”?
KEN
–Umaética, não sei,mas uma
prática mais digna.Todos estamos
fazendo as escolhas e se pudermos
fazer com que as empresas sigam
porestecaminho,ótimo, jáque são,
hoje, a instituiçãomaispoderosado
mundo,maisatédoqueosgovernos.
Se não, será de outramaneira.
CHRISTIAN
– É um pouco nesse
sentido, da ética da sobrevivência,
mas também é muitomais – como
disse o Ken – que é a responsabili-
dadeque temoscom todoocosmos,
e não somente com o humano. Eu
concluiria dizendo que temos de
começarapensarnaglobalizaçãodo
social e da solidariedade. Só então
poderemos viver, de maneira mais
profunda, esta questão da espiritu-
alidade nas empresas.
JR
–Ou seja, a convivência harmo-
niosa da diversidade.
MARIO
– Estarmos aqui discutindo
isso já éumbom começo.Achoque
a espiritualidade está sendo mais
discutida, vivida e posta em prática,
até como uma resposta à essa glo-
balização – que é positivista, no
sentido econômico, mas não produz
resultados profundos, em termos de
valores. Temos produtos fantásticos
à nossa disposição, novos celulares
a cada dois meses, computadores
incríveis, automóveis, comidas, mas
essa globalização econômica não
preenche o vazio interior. Por isso
espero que, dessas tese e antítese,
surjaumasíntese legal.Talvezpor isso
estejamos numa escola de adminis-
tração e marketing discutindo este
assunto. Trata-se de uma antinomia
da dialética: a maravilha da globali-
zação–no sentidomacroeconômico
–nãoestáconseguindoresponderaos
anseios das pessoas. Então, buscam
outrascoisas,sejam fundamentalistas,
sejanosentidodobem,comoestamos
discutindoaqui.
JAIR
– Acho que podemos imaginar
uma síntese nessa linha: o mundo
econômico é o único mundo que
consegue transformar emudar opla-
neta.Asempresassãoasentidadesque
estãoafetandoo futurodoplanetaeé
essanecessidadequevai levar auma
espiritualidade mais rápida. Como
disse o Ken: será que, dentro de 15
anos, ainda teremos matérias-primas
noplaneta?Oquevamosdeixarpara
nossos netos? Na minha visão em-
presarial, essa questão torna-se cada
vezmais importante. Ainda não está
sendopraticada,universalmente,mas
oprimeiro caminho éumapergunta.
Quero também cumprimentá-los
pela iniciativa deste debate. A alma
brasileiraconsegue transitarpor esses
assuntos. Minha vivência em outros
países, com outras culturas, é mais
complicada. Então temos essa con-
tribuição:desmistificaroconceito,até
porqueatendênciaétratarissodeuma
forma romântica ou de polaridade
–nãoacreditaredesdenhar.E–como
foi dito aqui – o caminho do bem é
omais adequado e provável como
processo de desenvolvimento.
RODRIGO
– A cultura brasileira
é propícia ao desenvolvimento da
alma das pessoas. A alma é algo
que vem de dentro e acho que
isso é um ativo que temos. Nossa
cultura proporciona encontros
como este.
JR
– Um dos nossos entrevistados
disse que uma das contribuições
que o Brasil tem a dar ao mundo
é essa convivência da diversidade,
essa capacidade de aceitação de
novas idéias.
AUGUSTO
– Para mim, a princi-
pal conclusão deste debate é que
estamos num momento de fazer
perguntas. Quem pergunta muito
nunca será extremista. Eu estudei
engenharia, e sei que os últimos
100anos – tecnológicaeeconomi-
camente– forammaravilhosos.Mas
a questão é: E o resto?Todos falam
de desenvolvimento econômico,
mas desenvolvimento pode ser
tantas outras coisas! Fico feliz de
ver quemuitomaispessoas – inde-
pendentementede idade–estão fa-
zendoessapergunta, equeoBrasil
está criando esses espaços.
GRACIOSO
– Creio que não há
muitomais a dizer.
MARIO
– Há quatro professores
nessa Escola demarketing que es-
tão fazendomestrado e doutorado
em ciências da religião.
JR
– Vamos acabar abrindo tam-
bém uma faculdade de teologia.
Em nome da
Revista da ESPM
e
da Escola Superior de Propaganda
e Marketing quero agradecer a
vinda de vocês e a participação
que tiveram neste debate.
ES
PM
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