Janeiro_2007 - page 82

105
JANEIRO
/
FEVEREIRO
DE
2007 – R E V I S T A D A E S P M
Sobre
espiritualidade
a serviço de quê nesse momento?
Do bem ou do mal? Quando faço
um planejamento estratégico, estou
equilibrando duas vertentes?” Fala-
mos da visão espiritual e material,
como se fossem coisas contrárias.
Mas o meu ponto de vista é que o
material fazpartedo espiritual.Não
sei se o contrário é verdade, mas,
quando tenhoumaorganizaçãoque
equilibradesenvolvimento–quesão
todas essas qualidades espirituais
de que falamos – com crescimento
–que sãoascoisasquantitativas, são
essas que aparecem, nas pesquisas,
como asmelhores para se trabalhar,
que têmmelhores taxas internas de
retorno em seus projetos, em seus
investimentos. A pergunta essencial
é: Qual a nossa visão, de seres hu-
manos? Issovaleem todososníveis,
porque mesmo esse executivo, que
sai num carro blindado, passa pela
periferia das grandes cidades, e vê
injustiça emiséria, se pergunta: “O
que tenhoavercom isso?Oqueadi-
anta eumorar num condomínio de
luxo, se posso ser seqüestrado pelo
meuporteiro, por exemplo?”
KEN
– Lembrei-me de uma frase
do George Bernard Shaw, que os
carnívoros certamente não gostam
de ouvir: “Como se pode falar de
pazquandoseuestômagoestácomo
um cemitério?” E estamos falando
de paz. Acho que onde e quando
quer queoempresárioouexecutivo
comece a fazer essas perguntas, é
um começo. Não precisa ter todos
os ingredientes divinos desde o iní-
cio.O importanteécomeçar. Então,
esse pessoal está colocando o dedo
no oceano, ao testar a água. É ali
que começa-se a fazer perguntas
– e as pessoas vão crescendo e, de
repente,maisadiante,elesmudamos
produtos, o negócio e até a própria
empresa.
CHRISTIAN
– Nesse sentido que o
Kenacabade falar,quando falamosde
espiritualidade dentro das empresas,
perguntosempre: seráqueo
manager
tem consciência de como vivem os
seussubalternos?Seráqueo faxineiro
da empresa vive dignamente? Quais
são osmeios que a empresa poderia
empregarparaque issoaconteça?Ele
anda de BMW blindado – tudo bem
–, vive noMorumbi, mas muitos de
seus colaboradores vivem na favela,
demaneira indigna. Como equacio-
nar isso?
JR
–Não fazmuito tempo, nós todos
falávamos de marketing de guerra,
táticas de guerrilha – a estratégia
nasceunoexército.OSunTzuqueria
liquidarcomseus inimigos–podemos
atéencararaglobalizaçãocomouma
formaparaarrasartodososoutros“que
são diferentes demim”. E o discurso
politicamente correto acaba substi-
tuindo a realidade. Acho que temos
denospreocuparparanãocairnessa
armadilha...
GRACIOSO
– Há muitas empresas
que já se preocupam com esses as-
pectoseprocuram tornaromundoum
poucomelhor.Oqueaempresapode
fazer nãoémuitomaisdoque isso.
MARIO
– Sinto-memais confortável
agora, ouvindo que a espiritualidade
– ou a preocupação com ela – é um
início,umembrião;nãoéalgoque já
chegoue tomoucontadasmassas.Se
tivermos de atribuir notas de0 a100
à espiritualidade realmente presente,
nas empresas, talveznão cheguemos
nem a 10. O que a discussão deixa
claroéqueháempresas, sim,quesão
1...,72,73,74,75,76,77,78,79,80,81 83,84,85,86,87,88,89,90,91,92,...121
Powered by FlippingBook