Janeiro_2007 - page 74

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JANEIRO
/
FEVEREIRO
DE
2007 – R E V I S T A D A E S P M
Sobre
espiritualidade
trabalho em equipe e, portanto, o
resultadodaprópriaempresa.Éuma
questão de linguagem. Se falamos
em liderança mais sábia, estamos
falando em espiritualidade. Se fala-
mos, por exemplo, de sensibilidade
em relação à responsabilidade
social, estamos falando de uma
postura espiritual em relação às
carências e necessidades da socie-
dadequenos rodeia. Entãoaprática
espiritual é própria do ser humano,
embora ele não saiba e nem defina
issocomo tal.Em recursoshumanos,
por exemplo, uma coisa é desen-
volver habilidades técnicas, adminis-
trativas; mas outra é desenvolver a
sutileza do toque, o
know-how
nos
relacionamentos. É possível, tam-
bém,mostrarcomoaespiritualidade
entrarianoplanejamentoestratégico
de uma organização. Por exemplo,
desde os anos 70, existe omodelo
do “iceberg”.Oproblema sempreé
tentar fazermudançamexendocom
ovisível: tira isso, colocaaquilo, in-
vestedinheiroem tecnologia,muda
o sistema, comunicação, contrata
gente, mas se esquece de que as
pessoas podem sentir que aquele
planonãoébomounãocrêemque
vai funcionar. Há de se trabalhar a
partemais intangível do “iceberg”.
O planejamento integral – onde
não seplanejamapenasestruturase
sistemas,mas tambémos corações.
Gestão não é apenas um exercício
demexercomaadministraçãoe tec-
nologia;masmexer,principalmente,
com gente. Hoje em dia, há o con-
ceitode inteligênciaespiritual –que
vai um passo além da inteligência
emocional;ouseja,precisa-seda in-
teligência racional paramexer com
coisas, inteligência emocional para
mexer nos relacionamentos, mas
inteligênciaespiritualparaentender
a si próprioeorganizaro seuestado
interior naquilo que se faz racional
e emocionalmente.
GRACIOSO
– Ouvindo-o, fiquei
com a impressão de que você
procura demonstrar que a espiritu-
alidade na empresa pode ser útil à
própria empresa.
KEN
– Extremamente útil. Em todas
as pesquisas que conheço, onde
há um convívio humano mais
agradável, os resultados sãomelho-
res. As pessoas mais qualificadas
querem trabalhar em tais empresas;
hámenos rotatividade; redução de
custos médicos porque as pessoas
são mais felizes; a produtividade
aumenta, mas principalmente o
custo operacional cai, porque há
mais cooperação. As reuniões ten-
dem a ser mais rápidas, às vezes,
porque as pessoas tendem a estar
mais cooperadas e os egos não
exaltados. Tivemos uma experiên-
cia – na empresa do Rodrigo, por
exemplo – onde reduziram o custo
operacional, simplesmente pela in-
trodução e prática de valores.
JAIR
– Esse tema da espirituali-
dade nos negócios não é novo. Se
procurarmos, na nossa vivência
profissional e pessoal, os melhores
líderesque tivemos,vamosperceber
que sempre tiveram uma dessas
características que foram citadas.
São líderes mais tranqüilos, têm
nível de consciência diferente, são
cooperativos e não competitivos.
Normalmente é uma organização
ou estrutura onde as pessoas têm a
mesma imagem, trabalham a partir
de uma mesma cultura, mesmos
valores e mesma referência. E é
interessante na linha da pesquisa
que oKen cita – essas empresas, às
vezes, transcendemno tempo, além
daquelas pessoas que a fundaram.
São empresas onde a iniciativa é
muitopresente, e essapalavra –
ini-
ciativa
– está ligada a um conheci-
mentoantigo,dosantigos iniciados.
Ou seja, o executivo que trabalha
hoje para uma grande corporação,
ou gera um grande movimento,
faz o papel de um grande iniciado
porque ele conduz grandes grupos
emdireçãoaalgumacoisaque trará
umacontribuição.Umdesserviçoa
esse tema é quando trazemos, para
dentro da organização, a questão
da religiosidade. Religiosidade,
para mim, são vertentes de um
conhecimentomaiorque,no fundo,
vãodesaguarnomesmooceano. Es-
tamos falandoaqui de livrearbítrio,
aumento da consciência, verdade,
bondade. Hoje, organizações que
conseguem implementaressesvalo-
resestão-sediferenciandodiantedo
mundocompetitivo.Asnotíciasque
vemosnão sãodobem; sãodomal.
Masexiste tantobemsendo feitopor
aí e, às vezes, está ancorado numa
questão muito concreta, que é dar
resultado – gerar alguma coisa sau-
dável paraaempresa, omercado, a
comunidade.Mas o tema, às vezes,
confunde. Escrevi um livro sobre
espiritualidade, procurei algumas
editoras eumadelas disse: “O livro
está muito bom, mas daria para
mudar o nome? Queremos algo
como
Aumente sua lucratividade
com a espiritualidade
”.
CHRISTIAN
–Queroparabenizá-los
pelo tema,porque falardeespiritua-
lidadenaeradaglobalizaçãoé jogo
duro. Em primeiro lugar, quando
falamos em espiritualidade, no
fundo, é a busca de um sentido
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