Janeiro_2007 - page 68

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R E V I S T A D A E S P M –
JANEIRO
/
FEVEREIRO
DE
2007
sua inteligência, eracapazdeburlar
os desígnios dos deuses, Sísifo não
abremãodo sabor de aventuraque
aprendeu a desfrutar nas suas an-
dançaspelas várias facetasdamon-
tanha, através de recursos criados
passoapasso, naconvicçãodeque
o caminho se constrói ao mesmo
tempo em que se anda.
Procura, ardorosamente, a felici-
dade através de bons investimentos
interpessoais, no amor, no trabalho
ou outros tipos de encontro. Talvez
em função ele se identifique com
ações de marketing de relaciona-
mentoeestabeleçaummarketingde
permissão,quandoentendeque isso
pode ser vantajoso ou até naquelas
ocasiões emque as condições ade-
quadasparanãoautorizá-lonão lhe
foramoferecidas.
Empreendedor como sempre foi e
partícipe de uma sociedade frag-
mentadaemqueos antigos referen-
ciais se evaporam a cada dia,
continua criando novos meios de
inserção e referencialidade para
fortalecer a sua sensação de estar
em contato comomundo, de fazer
partedealgomaior, entusiasmando-
se fervorosamente com ações de
marketing lateral.
Testemunha da falência domodelo
economicista–quedividiaosatores
sociais em classes –, Sísifo transita
por grupos em que atores sociais
cada vez mais plurais e móveis
não param de se deslocar, tanto do
ponto de vista concreto quanto do
simbólico, vibrandodiantedaspos-
sibilidades advindas de uma vida
mais plural e deslumbrando-se ao
descobrirpossibilidades totalmente
novas.
nasmídias tradicionais e ouve com
maior dedicação as opiniões dos
seus semelhantes do que os anún-
cios divulgados pelos responsáveis
pelasmarcasqueconsome.Devido
às inúmeras experiências já re-
latadas, antes decontratar umnovo
serviçoapelaaomarketingviral, na
tentativa de descobrir o que outras
pessoas acharam do atendimento
da empresa.
Se por um lado, gosta de ousar,
vivenciando aventuras alavancadas
pelos poderes que lhe outorga a
tecnologia,na tentativadese rebelar
contraasexcêntricasdeterminações
divinas, por outro, conta sempre
com a possibilidade de retornar à
zona de conforto, ao espaço prote-
gido, aconchegante, confortável e
extremamenteaparelhadoquerepre-
sentao lar, geradorde sensações se-
melhantes àsdeummarketingmais
tradicional e menos exuberante.
Incrementa o espaço doméstico e
se sensibiliza quando percebe que
alguns estabelecimentos comer-
ciais lhe oferecem, por exemplo, a
chance de repor energias comuma
soneca após o almoço, servindo
de inspiração para o marketing de
sensações.
Sabe-seumnostálgicoda segurança
outorgada pelo passado, onde nem
tudoqueerasólidodesmanchavano
ar,dos temposemqueacreditavana
existênciade territórios bemdefini-
dos e supunha saber perfeitamente
qual pedra iria cair e de onde viria.
Omedodaviolência físicaestende-
se ao campo virtual quando abre o
seu e-mail e se depara com cavalos
de tróia,
mailbombs
,
smurfs
,
sniffers
e
spoofings
ou,nomelhordoscasos,
apenas um par de
spams
. Talvez
sejapor issoqueodeslumbramento
inicial provocadonos seus sentidos
através de ações de hipermarketing
se alterne com a necessidade de se
proteger,evitandoaomáximosairde
casa e criando ambientes cada vez
mais equipados e aconchegantes
ou até blindando o seu carro num
sinal inequívoco da sua carência
de experiências mais prazerosas e
acolhedoras.
Essa contradição o leva a transitar
percursos conhecidos com uma
avidez inestimável, convicto de
que a aventura do descobrimento
não consiste em conhecer novas
paragens, mas observar as antigas
com olhos renovados. Saudoso da
segurança mítica que o confortava
naorigem,quando,usandoapenasa
Omedo da violência física
estende-se ao campo virtual
quando abre o seu e-mail e se
depara com cavalos de tróia,
mail bombs
,
smurfs
,
sniffers
e
spoofings
ou, nomelhor dos ca-
sos, apenas umpar de spams.
F
OMarketing da
complexidade
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