Janeiro_2007 - page 76

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JANEIRO
/
FEVEREIRO
DE
2007 – R E V I S T A D A E S P M
Sobre
espiritualidade
uma palavra –
transcendente
– que
acho importanteevai atéumpouco
além do sentido. “O termo vem do
latim
spiritus,
que significa soprode
vida, quer dizer, alguma coisa que
está ligada a energia, e é ummodo
de sere sentirqueocorrepela toma-
dadeconsciênciadeumadimensão
transcendente, sendo caracterizada
porcertosvalores, identificadoscom
relação a si mesmos, aos outros,
à natureza, à vida e ao que quer
que se considere o último”. Então,
acho que espiritualidade vai bem
além do que temos falado aqui
–éalgumacoisaqueapessoa sinta
que tem conexão ao cosmos, ou
seja lá o que for. E aí esses valores
que estamos falando passam a es-
tar subordinados a esse conceito.
As organizações, evidentemente,
dentrodaglobalização, para sobre-
viverem, espiritualizadas ou não,
têmde cortar custos, ser produtivas
etc. Então, sendo dirigente de uma
empresaque temvaloresespirituais,
em quemedida vou aceitar demitir
pessoase substituí-laspormáquinas
que vão gerar uma produtividade
maior, a um customenor?Mas não
gostariadeveraquelaspessoas,que
perderam seus empregos, debaixo
daponte...Aí vemapergunta, além
da definição bonita que li: como
adaptarmos isso aomundo real – e
como eu sobrevivo?
JR
–Asuadefiniçãodeespíritoconduz
a um sentidode bem. E foi dito aqui
queoespíritopode ser domal.
MARIO
–Faltoudizer isso.O títuloda
minha teseé“Dadimensãoespiritual
dasmarcas”, eaespiritualidadepode
ser humanizante ou fetichizada. O
SaddamHussein tinha lá sua espi-
ritualidade.
RODRIGO
–Seentendermos quea
espiritualidadepodemanifestar-see
sustentar-senum contextodediver-
sidade, há como um alinhamento
de harmonização entre todos que
participam. Isso poderia ser uma
evidênciadaefetivaespiritualidade,
queéoquese faloudocosmoseaíé
necessariamenteobem.Quandohá
uma unanimidade, um sentimento
de totalidade, de plenitude, segu-
rança, harmonia, paz, amor, está-se
manifestando a espiritualidade.
Quando são situações com pes-
soas fanáticas queatuamcomoque
dominadasporumespíritomaléfico,
poderíamos considerar como uma
perversão, um fetiche, algoquenão
está no campo da espiritualidade,
embora esteja no campo de forças
da natureza. O que gostaria que
debatêssemos seria a espirituali-
dade como algoque tem a ver com
o bem, com o superior, o elevado.
Nesse sentido, em uma organiza-
ção, todos os participantes – ou a
maioria – são predominantemente
movidos por esse clima, e seus par-
ticipantespodemestardandoassuas
contribuições individuais de forma
positiva.Atéo capitalismo vai além
da ética. A ética é algo normativo,
ao passo que a espiritualidade não
tem forma.
AUGUSTO
– Não sei se é um jul-
gamentoenãovoudefender.Talvez
o trabalho seja falarmos sobre, em
vez de dar uma definição. Também
não farei julgamento sobre bem e
mal, porque caímos nisso e não se
sai mais, porém concordo com o
Rodrigonaquestãodoalinhamento.
Precisamos abrir mão da nossa ar-
rogância, de ter controle e poder
classificar e determinar todas as
coisas que vimos e tentamosmedir.
Por um lado amedida é importante
mas, por outro, dá a idéia de que
existe um processo de controle e
que o ser humano pode controlar
isso ou aquilo. Quando os negó-
cios e o que fazemos têm alma, há
uma beleza especial, demonstram
algo que não é necessariamente
explicável – é um tenor que canta
umamúsicaespecíficaquenos toca
diferente porque é feito com algo
mais, eéesseamais que tambémé
procuradonosnegócios. Seogestor
é bom, como ele é com esse algo a
mais?Dentrodasempresashámuito
do desenvolvimento pessoal, mas
também o que se pode fazer pelo
outro, no sentido de criar espaços
para os outros entrarem em con-
tatocomesses temas eessaprática.
Há vários caminhos. Por que não
apresentá-los, de uma forma não
doutrinária, para que cada pessoa
possa escolher o seu? Se olho para
o desenvolvimento das pessoas e
do negócio, temos de criar espaço
para as duas coisas. Por outro lado,
se o único objetivo do empresário
é criar dividendos – e por isso suga
tudo que é possível daquele grupo
de pessoas – isso também joga
contra, num certo momento, não
só com a empresa dele a médio e
longoprazos,mas tambémcomum
processomaior.
GRACIOSO
–Gostariade trazer ao
“FALARDEESPIRITUALIDADENA
ERADAGLOBALIZAÇÃOÉ JOGODURO.”
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