Janeiro_2007 - page 78

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JANEIRO
/
FEVEREIRO
DE
2007 – R E V I S T A D A E S P M
Sobre
espiritualidade
estamosnumprocesso intermediário
de desenvolvimento das empresas
enquanto empresas. Estão surgindo
novasgerações, novasmodalidades
de organização, e o nosso modelo
tradicional de organização empre-
sarial é mais burocrático, militar,
comando e controle. Mas essa
modalidadedeorganização, sabida-
mente, limita o aproveitamento do
potencial das pessoas, assim como
tem um custo – seja emocional ou
social – bastante elevado. As em-
presas que proporcionam espaço
para uma evolução da consciência
e uma melhor integração entre os
diversos
stakeholders
têm, no longo
prazo,umaperspectivamaior.Éuma
crença que tenho por uma lógica e
também por observação. Normal-
mente, isso acontece nas pequenas
empresas. Quando há esse clima
mais humano, elas tornam-se mais
criativas, criam fatos novos. Isso
porque, atépelaprópriafilosofiada
organização, ummaior número de
pessoas pode expressar suas quali-
dades individuaise fazerdo trabalho
uma forma de realização pessoal e
umcrescimentosocialcoletivo,com
o fortalecimento da organização.
KEN
– Quero dar um exemplo,
de um executivo de uma das 10
maioresempresasdomundo, ea se-
gundamaior, na área de alimentos,
naÁsia.Quandohouve oTsunami,
em 2004, ummês depois ele levou
todos os presidentes e principais
executivos do grupo para ajudar as
vítimas. Ficaram três dias, em Sri-
Lanka, ondemorreram 40mil pes-
soas; euestavacomeles.Aempresa
éaUnilever,que, aliás, temumbelo
projeto de responsabilidade social
no Brasil. Periodicamente, ele faz
isso: “daqui a ummês, vamos para
oVietnãajudaros indígenas”.Oque
se busca é uma reflexão pessoal.
Chegam todos lá, e com o coração
namão, depois de ver pessoas que
perderam tudo, estãomaiscomeles
mesmos. Issoprovocaumasensibili-
dademuitogrande.Com isso,quero
jogar três ingredientes namesa. Ele
acreditaqueé importantedespertar
oespíritododar; quedar temmuito
a ver com nossa espiritualidade.
Segundo, a reflexão–aprendera re-
fletir, a conversar com vocêmesmo
sobreavida,ouniverso, sobreDeus
a seumodo. Neste contexto, havia,
no grupo, cristãos, mulçumanos,
hindusebudistas. Ea terceira sãoas
lições da própria natureza – o que
ela pode nos ensinar. Ele já fez isso
diversasvezes,emváriosmomentos,
e a sua divisão daUnilever é a que
mais cresce.
CHRISTIAN
– Muitas vezes, em-
presários e executivos viajam o
mundo inteiro mas fica faltando a
viagem ao nosso interior. Quando
falamos de responsabilidade so-
cial, entendemos quedeve ser uma
açãopara a sociedade de fora,mas
tambémdentrodaprópriaempresa.
Muitas vezes, é só para fora. Nesse
sentido, nas empresas, devemos re-
pensar, também, um dos caminhos
da espiritualidade, que é a famosa
éticacomunitária, que sedefineem
duas palavras: faça o bem. Como
seres humanos, em princípio, nós
somos levados a fazer o bem, mas
– do outro lado – estamos vivendo
numa ideologiaemquehá também
omal. Então não podemos sempre
dar. Precisamos medir a nossa ca-
pacidade desse dar, devido a con-
tingências exteriores. Acho que é
importante, hoje, repensar as ações
dentrodaempresa,em funçãodesse
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