 
          maio/junhode2012|
        
        
          
            RevistadaESPM
          
        
        
          
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          que a imprensa acabou por propiciar massacres públicos
        
        
          de pessoas às voltas com a Justiça criminal, violando
        
        
          frontalmente a presunção da inocência. São também
        
        
          diversos os textos que discutema influência da imprensa
        
        
          nos julgamentos dos casos criminais, sejam eles profe-
        
        
          ridos por juízes ou pelo júri popular, esses últimos com
        
        
          muito mais intensidade.
        
        
          Em artigo publicado no Boletimdo Instituto Brasileiro
        
        
          de Ciências Criminais, intitulado “A mídia e o direito
        
        
          penal”, o professor da Faculdade de Direito da Univer-
        
        
          sidade de São Paulo (USP) Sergio Salomão Shecaira faz
        
        
          considerações importantes acerca do papel desempenha-
        
        
          do pela mídia no sentido de criar clima de intolerância,
        
        
          de preconceito e punitivo na sociedade. Com frequência
        
        
          assistimos a veículos de comunicação realizando verda-
        
        
          deiras “campanhas” de recrudescimento penal, em abso-
        
        
          luto desacordo com os valores de respeito ao direito da
        
        
          dignidade humana. Nesse sentido, Shecaira  alerta: “Por
        
        
          derradeiro, bem é de observar-se que qualquer discussão
        
        
          acerca do que faz ou deixa de fazer a imprensa, no plano
        
        
          político ou policial (são realidades nada distantes, até no
        
        
          plano semântico), só se justifica dentro do contexto da
        
        
          democracia garantidora da liberdade de pensar e agir. Se
        
        
          a própria mídia não cria mecanismos asseguradores da
        
        
          mantença dos valores democráticos, corre o risco, em
        
        
          face dos resultados decorrentes de sua ação, de sofrer
        
        
          as eventuais consequências da falta de democracia, que
        
        
          tanto apregoa defender, mas que não defende”.
        
        
          É fato que invariavelmente os princípios constitucio-
        
        
          nais que sustentam a liberdade de imprensa entram em
        
        
          choque com as garantias constitucionais individuais. Já
        
        
          que as fronteiras são tão nebulosas, que é muito difícil
        
        
          traçar uma linha objetivamente semo risco de ferir algu-
        
        
          ma das liberdades em jogo. É preciso criar mecanismos
        
        
          que permitam fomentar discussão permanente sobre os
        
        
          conflitos em evidência, mobilizando diversos atores da
        
        
          sociedade: profissionais da imprensa, juízes, advogados,
        
        
          membros do Ministério Público, agentes da segurança
        
        
          pública, políticos, sociólogos e, finalmente, o cidadão.
        
        
          Dessa forma, o grande desafio posto para os veículos
        
        
          de comunicação está em promover um debate sério,
        
        
          amplo e comprometido com o intuito de se criarempara-
        
        
          digmas para a realização de um jornalismo responsável,
        
        
          atento ao direito e ao dever de informar, assim como
        
        
          as garantias constitucionais individuais. Tal processo
        
        
          deve ser feito paulatinamente, por meio de um diálogo
        
        
          constante com a sociedade civil, visando estabelecer um
        
        
          Acensurapréviaéincompatível coma
        
        
          democracia,masaimprensaprecisaser
        
        
          devidamenteresponsabilizadapelos
        
        
          abusosquevieracometer
        
        
          ioannis
        
        
          ioannou