 
          
            Revista da ESPM
          
        
        
          |maio/junhode 2012
        
        
          
            48
          
        
        
          entrevista
        
        
          está permanentemente em risco
        
        
          nas redes sociais. Hoje, o melhor
        
        
          serviço de atendimento ao consu-
        
        
          midor são o Twitter e o Facebook.
        
        
          No si s t ema democ rát ico pe lo
        
        
          qual optamos, a comunicação en-
        
        
          tra como um valor fundamental e
        
        
          estratégico da empresa. Por mais
        
        
          que tenha boas práticas indus-
        
        
          triais e produtos de qua lidade,
        
        
          essa empresa não vai prosperar
        
        
          caso não estabeleça uma gestão
        
        
          de marca na relação com todos os
        
        
          seus
        
        
          
            stakeholders
          
        
        
          .
        
        
          
            Gracioso
          
        
        
          –
        
        
          
            Para alguns filósofos,
          
        
        
          
            o livre-arbítrio pode fazer o homem
          
        
        
          
            regredir à selvageria na sua expres-
          
        
        
          
            são maior. E há os que defendem o
          
        
        
          
            Estado como regulador, chegando
          
        
        
          
            aos países totalitários. São os extre-
          
        
        
          
            mos. Qual sua opinião sobre isso?
          
        
        
          
            Lara
          
        
        
          – Acredito na tese de Ho-
        
        
          bbes: “Por trás de nós, homens,
        
        
          sempre há um lobo”. Um país é
        
        
          tanto melhor quanto mais sólidas
        
        
          forem suas instituições. Defendo
        
        
          o livre-arbítrio, mas também a
        
        
          regulação no sentido de que deve-
        
        
          mos respeitar as leis. No que con-
        
        
          cerne à comunicação, acredito no
        
        
          arcabouço jurídico formado pelo
        
        
          sistema híbrido, no qual temos
        
        
          a Constituição Federal – que no
        
        
          artigo 820, inciso IV, defende que
        
        
          “é livre a publicidade comercial,
        
        
          respeitadas algumas restrições a
        
        
          medicamento, tabaco e bebidas” –, o
        
        
          Código de Defesa do Consumidor
        
        
          e o Código de Autorregulamen-
        
        
          tação Publicitária. Juntos, eles
        
        
          formam um sistema híbrido, pro-
        
        
          tege o livre-arbítrio, os direitos do
        
        
          cidadão e a liberdade de escolha
        
        
          do consumidor em qualquer seg-
        
        
          mento da economia. O modelo do
        
        
          Conar (Conselho Nacional de Au-
        
        
          torregulamentação Publicitária)
        
        
          – criado em 1980, após a realiza-
        
        
          ção do III Congresso da Indústria
        
        
          da Publicidade – vem ju lgando
        
        
          campanhas que eventualmente
        
        
          tenham abusado da ética, menti-
        
        
          do, desrespeitado o consumidor
        
        
          ou a livre concorrência. Em 32
        
        
          anos, mais de 7,5 mil campanhas
        
        
          foram julgadas pelo Conar, que
        
        
          é permanentemente atualizado,
        
        
          visando atender às demandas da
        
        
          sociedade. Esse sistema deu credi-
        
        
          bilidade à comunicação brasileira
        
        
          e a tornou uma indústria pujante,
        
        
          que representa 2% do PIB e con-
        
        
          tribui para o desenvolvimento da
        
        
          livre iniciativa e a formação de
        
        
          um mercado de consumo interno
        
        
          for te no Brasi l . A propaganda
        
        
          desenvolve hábitos, antevê com-
        
        
          portamentos e contribui para a
        
        
          cultura nacional. Cumprimos bem
        
        
          nossa missão. Sobre a sua pergun-
        
        
          ta, Max Weber dizia: “Todos nós,
        
        
          individualmente, temos a nossa
        
        
          ética de convicção pessoal”. For-
        
        
          talecer as instituições significa
        
        
          conciliar essa ética de convicção
        
        
          pessoal com uma ética de respon-
        
        
          sabilidade coletiva. O arcabouço
        
        
          jurídico formado pelo conselho de
        
        
          autorregulamentação do Conar, o
        
        
          Código de Defesa do Consumidor
        
        
          e a Constituição Federal represen-
        
        
          ta uma boa ética coletiva.
        
        
          
            Gabriela
          
        
        
          – E
        
        
          
            m julho de 2011, sua
          
        
        
          
            agência criou a campanha Pôneis
          
        
        
          
            Malditos para anunciar a picape
          
        
        
          
            Frontier, da Nissan. O comercial
          
        
        
          
            fez muito sucesso. Mas também foi
          
        
        
          
            alvo de críticas, com a campanha
          
        
        
          
            sendo julgada pelo Conar, por fazer
          
        
        
          
            a associação de figuras infantis – os
          
        
        
          
            pôneis em desenho animado – com
          
        
        
          
            a palavra “malditos”. Qual sua ava-
          
        
        
          
            liação sobre o ocorrido?
          
        
        
          
            Lara
          
        
        
          – Ninguém imagina a reper-
        
        
          cussão de uma campanha antes que
        
        
          ela aconteça no âmbito da criação.
        
        
          Buscamos realçar a vantagem com-
        
        
          parativa da marca, que foi percebi-
        
        
          da pelo consumidor. Hoje, a comu-
        
        
          nicação não é mais unidirecional,
        
        
          o consumidor recebe o conteúdo e
        
        
          estabelece uma conversa, um diálo-
        
        
          go com as marcas. A comunicação
        
        
          é positivamente interativa. Então,
        
        
          aquilo que é visto na TV aberta é
        
        
          alimentado nas redes sociais, como
        
        
          Facebook, Twitter e YouTube. Os Pô-
        
        
          neis Malditos foi uma grande brin-
        
        
          cadeira. Mas o fato de os consumi-
        
        
          dores poderem acessar o Conar, e
        
        
          haver esse debate, é uma conquista
        
        
          da nossa sociedade, da democracia.
        
        
          
            “Omodelo de
          
        
        
          
            governança exigido
          
        
        
          
            pelas organizações
          
        
        
          
            precisa ser cada vez
          
        
        
          
            mais transparente,
          
        
        
          
            porque a reputação
          
        
        
          
            de uma empresa está
          
        
        
          
            permanentemente em
          
        
        
          
            risco nas redes sociais”