 
          
            Revista da ESPM
          
        
        
          |maio/junhode 2012
        
        
          
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          história
        
        
          Desde o século 16, com Nicolau
        
        
          Maquiavel, se discute a organici-
        
        
          dade do Estado e suas limitações.
        
        
          Esse debate foi condicionado
        
        
          historicamente e, no final do
        
        
          século 18, a burguesia liderou o
        
        
          processo de arruinar comoEstado
        
        
          absolutista e advogar uma nova
        
        
          concepção  que tem como base
        
        
          o contrato social. Essa vertente,
        
        
          base da concepção liberal, se
        
        
          materializa com as revoluções
        
        
          inglesa, americana, francesa e o
        
        
          processo das independências das
        
        
          colônias ibéricas, onde se insere
        
        
          o Brasil. O principal contrato é
        
        
          a Constituição, escrita ou não. O
        
        
          Brasil surgiu libertado no início
        
        
          do século 19, sob a égide de um
        
        
          conflito que culminou com o fe-
        
        
          chamentoda primeiraAssembleia
        
        
          Constituinte. Portanto, o primeiro
        
        
          “contrato” foi imposto pelo sobe-
        
        
          rano, que era o próprio Estado,
        
        
          e se preservou até o advento da
        
        
          República. Portanto, era uma carta
        
        
          outorgada enãoumaConstituição.
        
        
          As constituições brasileiras, ou-
        
        
          torgadas ou não, foram redigidas e
        
        
          promulgadas pelas oligarquias dominantes, commínima
        
        
          participaçãopopular. Ela sabeque aúnica coisaqueopoder
        
        
          respeita é o poder, como disse o filósofo de Florença. Poder
        
        
          é a capacidade de mudar as coisas e dar forma ao Estado,
        
        
          como fizeram as oligarquias ao longo de nossa história,
        
        
          sejam elas oriundas do latifúndio, das indústrias, dos
        
        
          bancos ou dos demais setores poderosos do mercado. Na
        
        
          sociedade aberta, geralmente não se herda o poder, já na
        
        
          oligárquica ele éhereditário. Elas aprenderamque amelhor
        
        
          forma de consolidar o seu poder é reconhecer os sinais de
        
        
          ameaça e agir. Atémesmo propondo a redação de umnovo
        
        
          pacto social para não perder poder. Cabe aqui também
        
        
          outra reflexão de Maquiavel, que disse: “Os fracos não
        
        
          vão herdar a Terra, mas os aliados terão mais chances de
        
        
          ajudar a herdar por eles”. Pode parecer cínico, mas está em
        
        
          
            O Príncipe
          
        
        
          (traduzido por Mauricio Santana Dias, Editora
        
        
          Ocomportamentoda
        
        
          sociedade sugereque
        
        
          euconsiderequeo
        
        
          Estado invadeaminha
        
        
          privacidadequando
        
        
          atropelaminhas
        
        
          convicçõespessoais.
        
        
          Masé justoquando
        
        
          invadeaprivacidade
        
        
          dosoutrospara impor
        
        
          asminhas convicções
        
        
          file
        
        
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