 
          maio/junhode2012|
        
        
          
            RevistadaESPM
          
        
        
          
            37
          
        
        
          regulamentação mais específica sobre
        
        
          o tema.
        
        
          Revista da ESPM
        
        
          – Que estudos o
        
        
          instituto utiliza para comprovar o mal
        
        
          que a propaganda infantil pode fazer às
        
        
          crianças?
        
        
          Isabella
        
        
          – Fazemos revisões de
        
        
          pesquisas feitas no mundo sobre
        
        
          o assunto. Elas são praticamente
        
        
          unânimes em demonstrar que as
        
        
          crianças até 12 anos de idade não têm
        
        
          condições de analisar criticamente as
        
        
          mensagens publicitárias e, por conta
        
        
          disso, acabam sendo envolvidas pela
        
        
          propaganda, que convida os pequenos a
        
        
          consumir habitualmente e em excesso
        
        
          produtos infantis e alimentícios. As
        
        
          pesquisas mostram, por exemplo, que
        
        
          a obesidade infantil seria diminuída se
        
        
          não houvesse incentivos ao consumo
        
        
          de alimentos com altos teores de sódio,
        
        
          gorduras e açúcar e de bebidas não
        
        
          alcoólicas de baixo teor nutricional. O
        
        
          bombardeio publicitário aos pequenos
        
        
          contribui para a formação de valores
        
        
          materialistas e consumistas, bem como
        
        
          para o agravamento de problemas
        
        
          como a erotização precoce, o estresse
        
        
          familiar e a violência.
        
        
          Revista da ESPM
        
        
          – Em uma sociedade
        
        
          cada vez mais voltada ao consumo, com
        
        
          pessoas recebendo estímulos o tempo
        
        
          todo, é possível evitar que a criança seja
        
        
          impactada com ações de marketing?
        
        
          Isabella
        
        
          – A ideia não é evitar que a
        
        
          criança seja impactada ou que ela
        
        
          viva em uma ”bolha”, mas que ela não
        
        
          esteja sozinha quando isso acontecer
        
        
          para que tenha a mediação de um
        
        
          adulto. Em um shopping ou num
        
        
          supermercado, a criança está sempre
        
        
          acompanhada de um adulto, que, nesse
        
        
          momento, tem condições de mediar
        
        
          as ações de marketing realizadas
        
        
          nesses ambientes. O ideal é que toda
        
        
          publicidade direcionada à criança
        
        
          se reinvente e passe a falar com os
        
        
          adultos responsáveis por ela.
        
        
          Revista da ESPM
        
        
          – Nesse contexto,
        
        
          qual seria o cenário ideal para a prática
        
        
          do marketing?
        
        
          Isabella
        
        
          – Aquele que não enxergasse a
        
        
          criança exclusivamente como
        
        
          um nicho de mercado, mas como o
        
        
          futuro da humanidade. E que, por
        
        
          isso, estivesse prioritariamente
        
        
          preocupado em resguardar todos
        
        
          os direitos da infância, inclusive
        
        
          quanto à sua integridade física,
        
        
          psíquica e moral. Ummundo que não
        
        
          direcionasse mensagens comerciais
        
        
          ao público infantil.
        
        
          Revista da ESPM
        
        
          – Qual o ganho
        
        
          da sociedade com a restrição à
        
        
          propaganda infantil?
        
        
          Isabella
        
        
          – É um ganho de futuro,
        
        
          a construção de uma infância
        
        
          preservada, que terá a possibilidade
        
        
          de se desenvolver livre do assédio
        
        
          consumista. Esse público poderá se
        
        
          transformar numa sociedade adulta
        
        
          com valores mais humanísticos e
        
        
          menos materialistas. Em ummundo
        
        
          que precisa urgentemente discutir a
        
        
          forma como se produz e se consome
        
        
          para que o planeta Terra não acabe em
        
        
          termos de recursos naturais, a restrição
        
        
          ao incentivo de consumo junto às
        
        
          crianças é urgente.
        
        
          mentar o uso responsável dos dados pessoais. Criada
        
        
          pelo setor, a iniciativa foi encaminhada ao Congresso
        
        
          Nacional noúltimodia 13de junho, pelodeputadoMilton
        
        
          Monti. “O Estado deve se preocupar em dar educação de
        
        
          qualidadeeculturaaosbrasileiros edeixar queaspessoas
        
        
          façamsuas escolhas. Elas têmo direito de receber ounão
        
        
          mensagens comerciais por meios físicos ou digitais”,
        
        
          explica o presidente da Frecom.
        
        
          Assim, em 25 artigos embasados na Constituição bra-
        
        
          sileira, ele propõe a autorregulamentação do setor, por
        
        
          meio da criação de um órgão regulador, formado pelas
        
        
          entidadesdomundodomarketing, quepretendeatuarnos
        
        
          mesmosmoldes do Conar. “Estamos prevendomais rigor
        
        
          notratamentoaosdadossensíveis,quesãoasinformações
        
        
          relativas à origem social e étnica, à informação genética,
        
        
          à orientação sexual e às convicções políticas, religiosas e
        
        
          filosóficasdo titular.”Aconsultaaestesdadosocorreráso-
        
        
          mentemedianteautorizaçãodesteórgãooupor imposição
        
        
          legal. Otexto tambémgarante ao consumidor odireitode
        
        
          pedir a exclusão de seu cadastro do banco de dados. “Com
        
        
          essedocumentoestamos combatendoa ideiadogoverno,
        
        
          que pretende criar uma autarquia, mais um organismo
        
        
          estatal para policiar a coleta de dados no Brasil”, observa
        
        
          o criador doProjetode lei 4.060/2012. “Ele agora passa por
        
        
          análise das comissões temáticas para depois ser votado
        
        
          emplenário, fato que deverá acontecer ainda neste ano.”