 
          maio/junhode2012|
        
        
          
            RevistadaESPM
          
        
        
          
            39
          
        
        
          ”Vivemos em um país
        
        
          democrático, onde a lei de
        
        
          mercado vale para todas as
        
        
          áreas. Então, por que a cultura
        
        
          não pode se autorregulamentar?”
        
        
          Com esta pergunta, o ator Odilon
        
        
          Wagner abriu sua apresentação
        
        
          no V Congresso. ”Sofremos um
        
        
          processo de patrulhamento
        
        
          grande pelo Estado.” Inserida
        
        
          na chamada indústria criativa, a
        
        
          cultura representa hoje 5% do PIB
        
        
          brasileiro e, segundo o ator, recebe
        
        
          apenas 1,5% de todo o incentivo
        
        
          fiscal concedido aos diversos
        
        
          setores da economia. ”O governo
        
        
          investe cerca de R$ 2 bilhões por
        
        
          ano na cultura. Somos o penúltimo
        
        
          orçamento da União, só perdemos
        
        
          para a pesca, embora a arte faça
        
        
          parte da chamada economia
        
        
          criativa, que no ano passado
        
        
          movimentou R$ 40 bilhões em
        
        
          negócios apenas na cidade
        
        
          de São Paulo. Esse problema
        
        
          estrutural ocorre devido à falta de
        
        
          mobilização dos artistas. Se nos
        
        
          portássemos como indústria, a
        
        
          situação seria bem diferente.”
        
        
          Como exemplo, Wagner cita a
        
        
          questão da meia-entrada. ”Na
        
        
          década de 1950, o cinema não
        
        
          estava indo bem e resolveu
        
        
          dar desconto para os jovens
        
        
          como forma de atrair mais
        
        
          público. A iniciativa virou direito
        
        
          adquirido. Hoje, o governo exige
        
        
          a meia-entrada, mas não dá
        
        
          uma contrapartida, um subsídio
        
        
          para a categoria.” Para ele, o
        
        
          problema está na forma como
        
        
          o Estado trata o universo das
        
        
          artes no Brasil. ”Este é um país
        
        
          esquizofrênico. O governo vive
        
        
          liberando pacotes de incentivo
        
        
          para elevar a produção da
        
        
          indústria nacional e na área
        
        
          cultural acontece o inverso: quem
        
        
          produz é punido.”
        
        
          Com o objetivo de mudar este
        
        
          cenário, Wagner vem trabalhando
        
        
          na conscientização da sociedade,
        
        
          por meio da divulgação de
        
        
          estudos que demonstram a
        
        
          importância da atividade. ”Um
        
        
          estudo aponta que, para cada
        
        
          real investido na cultura, a cidade
        
        
          tem um retorno de R$ 5 a R$ 6”,
        
        
          comenta o ator, na expectativa de
        
        
          que esse espetáculo termine com
        
        
          um final feliz.
        
        
          Quemcala, consente!
        
        
          ção nacional diz que não é pelo temor do abuso que se vai
        
        
          proibir o uso”. Ele acrescenta ainda que a informação deve
        
        
          ser vista comomeio, e não como fim, por isso é umdireito
        
        
          fundamental do cidadão. “De origemgrega,
        
        
          
            demo
          
        
        
          significa
        
        
          povo e
        
        
          
            cracia
          
        
        
          , governo. Esta combinação é o visual do po-
        
        
          der político, que se estrutura observando ummovimento
        
        
          ascendente de prestígio das bases e limitação e controle
        
        
          das cúpulas.” Isto é o mesmo que tirar o povo da plateia e
        
        
          colocá-lonopalcodasdecisões coletivas. “Épor issoqueos
        
        
          doisprimeirosfundamentosdaConstituiçãosão:artigo1º,
        
        
          incisosIeII:soberaniaecidadania.AConstituiçãotambém
        
        
          garante que nenhuma lei poderá conter dispositivo que
        
        
          apresenteembaraçoà liberdade jornalística. “Imuneàcen-
        
        
          suraprévia,aimprensalivrevitaliza,tonificaerobusteceos
        
        
          conteúdosdademocracia”,asseguraAyresBritto.“Imprensa
        
        
          edemocracia são irmãs siamesas. Secortar ocordãoumbi-
        
        
          lical, o resultadoéamortedasduas. Daí a importânciadea
        
        
          lei conciliar liberdade comresponsabilidade.”
        
        
          Já Civita aproveitou sua participação no V Congresso
        
        
          paraapresentaromodelodeEstadomoderno, quesósede-
        
        
          senvolve quando estruturado sobre três pilares: democra-
        
        
          cia,liberdadedeimprensaelivreiniciativa.“Estaéumadas
        
        
          mais extraordinárias
        
        
          simbioses do mundo
        
        
          moderno, que for-
        
        
          ma um tripé indis-
        
        
          solúvel, um não
        
        
          sobrevive sem
        
        
          o outro. Sem de-
        
        
          mocracia, não
        
        
          há livre iniciativa,
        
        
          queparaexistirprecisadaconcor-
        
        
          rência.Esta,porsuavez,mantém
        
        
          viva apublicidade, que alimenta
        
        
          a imprensa livre, o alicerce da
        
        
          democracia.”
        
        
          E o caminho para a preserva-
        
        
          ção deste tripé passa necessa-
        
        
          riamente pela responsabilidade
        
        
          compartilhada entre sociedade,
        
        
          iniciativa privada e Estado. “A lin-
        
        
          guagemépoderosa. Elanãoapenasdes-
        
        
          creve a realidade. Ela cria a realidade
        
        
          quedescreve”,concluiDesmondTutu.