Revista ESPM Mai-Jun 2012 - NEM BABÁ, NEM BIG BROTHER a eterna luta do indivíduo contra o Estado - page 56

Revista da ESPM
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mídia responsável
marco importante emque a autorregulação realizada nas
respectivas redações surge quase como uma consequên-
cia natural e necessária para trazer mais credibilidade,
responsabilidade e transparência à cobertura jornalísti-
ca. De modo que o cidadão possa entender os mecanis-
mos de apuração do veículo que pretende questionar.
Nesse sentido, a figura do “ombudsman” é exemplar.
Seguindo essa linha de pensamento, vale novamente
citar o jornalista Sidnei Basile, que deixou algumas re-
flexões interessantes sobre o papel a ser desempenhado
pelas grandes organizações jornalísticas em ummundo
permeado pelo acesso fácil e rápido à informação: “A
maneira como você resgata a relevância para a grande
imprensa é conferir às grandes organizações jornalís-
ticas, ao DNA delas, a certeza de que nelas se apuram
os fatos segundo os rituais da imprensa liberal clássica.
Assegurar o direito de defesa, ouvir todas as partes,
assegurar que não se ‘abrigue’ em informações ‘em off’”.
Em outro texto, Basile afirma que a imprensa tem
“um encontro marcado com a autorregulação”: “Como
satisfazer esse direito (o direito à informação, de que
todo cidadão é titular) sem códigos de autorregulação
que assegurem o direito de defesa de quem esteja sendo
acusado? De que se ouçam as partes? De que se evitem
ao máximo as acusações
off the records
? De que não se
confunda o leitor misturando, em um mesmo texto,
opinião com notícia? De que não se obtenham notícias
com o jornalista se fazendo passar por outra pessoa? De
que não se vaze o conteúdo de fitas de áudio e vídeo sem
antes explicar ao público os muitos cuidados que foram
tomados para tentar obter as informações de muitas
outras maneiras? Em um regime decente de autorregu-
lação o jornalista finalmente publica o conteúdo da fita
gravada somente depois de convicto da veracidade de sua
apuração profissional, e com seu recurso constitucional
Nãosãopoucososexemplosemque
a imprensaacabouporpropiciar
massacrespúblicosdepessoasàs
voltascomaJustiçacriminal, violando
frontalmenteapresunçãoda inocência
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