Julho_2006 - page 51

Portanto, todas as ocasiões para refletir
seriamente-em termos de pensamento
- sobre o que cai e o que emerge são
sempreúteis. E, comoafirmei, nasduas
vezesemqueestiveaqui, participando
desse trabalho importante, parece-me
que existe um ângulo de abordagem
privilegiadanapublicidade.
Sei que, sob alguns aspectos, minhas
exposições podem parecer um tanto
"difíceis". Havia refletido sobre o que
estava no fundo da negação da ima–
gem e acabei falando da einsteiniza-
ção do tempo-a imagem é um tempo
que se contrai.
É que - a meu ver - toda reflexão
sobre a imagem é correlata da re–
flexãosobreapós-modernidade.Uma
expressão dessa imagem é a publici–
dade. Não é a única, pois é preciso
refletir também sobre a imagem televi–
siva, a imagem informática etc. Mas é
aquiloque chamamos de "expressão",
como quando agente espreme o suco
deuma laranja fazendosairasuaquin–
tessência... Para mim uma expressão
da imagem é a publicidade.
Eis, para mim, o tripé: pensar a
pós-modernidade nascente é o
nosso trabalho; ver como a ima–
gem tem uma ilustração e como a
publicidade é uma expressão disso
- quanto ao aspecto teórico. Sendo
assim, é preciso continuar, estou
convencido disso.
JR-
O Brasil tem alguma contribuição
especial a dar?
MAFFESOLI
-Tenho dito e escrito isso
-queo Brasil pode ser um laboratório
da pós-modernidade, assim como a
Europa foi o laboratório da moderni–
dade. Paramim, São Pauloéumdesses
locais. Claro, para mim, visto de fora
como um voyeur, São Paulo é um dos
lugares específicosonde se pode fazer
- pelas razões que eu apontei - essa
reflexão que acabo de mencionar.
Mais umdetalhe sobre seminário, que
acho importante: precisamoster, além
dasexposições teóricas-comoasque
fizemos, o Giuliano Da Empoli e eu
-outrasquepudessem ilustrá-las. Isso
quevocês fizeram foi, paramim, uma
espécie de colocação em prática-de
certo modo, empírica - e, no meu
entender, ainda mais útil.
Em geral, passo menos tempo nos
colóquios, mas, neste, passei bastante
tempo e aprendi coisas. Creio que se
deveria dar mais espaço à discussão,
ao mesmo tempo teórica e com uma
espécie de ilustração, que permitisse
mais intercâmbio.
JR
-Acha que a Psicologia é um dos
focos que poderíamos incorporar à
discussão?
MAFFESOL I
- Sem dúvida e - além
domais-achoque, sobmuitos aspec–
tos, é um interesse específico da sua
escola. O que se tornou lamentável
nas universidades é que elas não são
mais universidades. Era próprio das
universitas essa dimensão transversal.
Infelizmente - enão sei quais as limi–
tações, nas universidades brasileiras
- mas vejo, nas européias, que temos
as disciplinas: Filosofia, Sociologia,
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