Julho_2006 - page 49

no luxo no que, em francês, se chama
luxação. Ummembro luxado nãoestá
funcional. A idéia de luxo remete à
não-funcionalidade. Brincando em
cimadessa idéiada luxação, achoque
existe uma ligação a ser feita entre a
publicidadeeo luxo. Assim chegamos
além da simples economia: o preço
das coisas sem preço, se podemos
conceituar assim.
Outro momento histórico importante
foi o Renascimento - o quattrocento
-, quandoa civilização era elaborada,
sobre a não-funcionalidade e - como
dizê-lo? - onde, finalmente, a econo–
mia se superou. A grande figura do
Renascimento torna-se o banqueiro.
Interessante isso. Mas é um banqueiro
que não se limita apenas à filosofia do
dinheiro e que vai, ao mesmo tempo,
financiaros artistas, criar a arquitetura,
a pintura.
Deixo esse conjunto para vocês, como
pistas para que reflitam sobre cada
uma delas. Nãomais a simples econo–
mia -mesmo se a economia domina
-, mas alguma coisa que remete a uma
concepçãomais espacial -para mim,
à ecologia.
Creio que mencionei isso, ontem,
na minha palestra: não estamos mais
em uma sociedade de consumo, mas
de consumação. A consumação é
algo que queima, arde. Então, não só
aquele que produz, consome - mas
perde. Aperda-uma idéia de Bataille
- o dispêndio, algo que, no fundo, é
dessa ordem. Daí a importância da
imagem, da qual a publicidadeé uma
expressão.
CLÓVIS
Neste "mundo imun–
do"...?
MAFFESOLI
- Um livro que escrevi
há algum tempo - Au creux des ap–
parences - foi traduzido para portu–
guês, como
No fundo dasaparências
-mas achoqueo títulonão foi correto,
pois quando falei em creu, queria
dizer le creusé-oocodas aparências.
A idéia de escavar; deque as aparên–
cias são ocas, assim como um nicho,
onde se coloca uma estátua. Existe,
nas aparências, esse vazio, ou seja, a
forma arquitetônica, a forma da reali–
dade social. Isso éespacialização. No
fundo, nãohámais umacontençãodo
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