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R E V I S T A D A E S P M –
MARÇO
/
ABRIL
DE
2008
Gastronomia e
turismo
Ora, começaaaparecer, comnitidez,
a busca de experiências gastronômi-
cas distintas, como motivação turís-
tica forte. Mais e mais turistas do
mundo todo estão dispostos a
buscar destinos onde possam ex-
perimentar culinárias das quais
apenas conhecem por relatos. O
próprio cinema recente apresenta
umaprodução expressivadefilmes
quenos transportamparavivências
gastronômicas situadasemcenários
bucólicos, ligados ao comer “cam-
ponês”,comouma redescobertados
prazeres que a civilização urbano-
industrial parece ter roubado. Em
outras palavras, a idealização do
terroir
éhojemotivo suficientepara
o deslocamento, ou aumento de
fluxos turísticos.
Trabalharcomprodutos locais,apartir
de receitas tradicionais e seus ingre-
dientes, procurando fazê-los dialogar
comogostodos turistas,deveriasera
grandediretrizda indústriado turismo
ao se relacionar com a culinária de
uma localidade. Sob esse ponto de
vista,precisamosreconhecerquea in-
dústriado turismonoBrasilébastante
preguiçosa. Preguiçosano sentidode
que, nos seusplanosdenegócio, não
contempla a necessidade de inves-
timentos nessa direção, deixando a
gastronomia foradaatratibilidadeque
constroem, ao sabor da tradiçãoque,
como a paisagem, idealmente, deve
permanecer intocada.
Investimentoemgastronomiasignifica
investimentoemetnografia,emcompi-
laçãodematérias-primasetécnicas;em
experimentação,em tentativaseerros;
em décor e ambientação e assim por
diante,abrangendotudooquecompõe
Para elas, a gastronomia é acidental, não
sendo o seu desenvolvimento objeto de
atenção ou planejamento.
O próprio Ferran Adrià, tão identificado com inovação e a quebra de paradigmas, chama
a atenção para a primeira fase do seu trabalho – não tão conhecida e divulgada quanto as
“espumas” – que consistiu num esforço sistemático seu e de outros chefs espanhóis.
Foto: Herbert Lehmann-Google images
Fotos: Brazil inDavis-Google images
