Marco_2008 - page 139

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R E V I S T A D A E S P M –
JANEIRO
/
FEVEREIRO
DE
2008
Ponto de
vista
CAIO LUIZDECARVALHO
O
Caio Luiz deCarvalho é presidente da São PauloTurismo, professor da FundaçãoGetúlioVargas (Ebape-FGV) e
ex-ministrodo Esporte eTurismo e presidente da Embratur.
Brasil ocupa o sexto lugar no ranking
dos países que mais criam empregos
comTurismo, à frente de forçasmun-
diais do setor, como Estados Unidos
e Espanha, e ao lado de Rússia,
China e Índia. Os dados são doCon-
selho Mundial de Viagens e Turismo
(WTTC). Estudo realizado pela con-
sultoriabritânicaHenleyCentreHea-
dlightVision (HCHLV), demarketinge
estratégias para cenários futurísticos,
em parceria com o sistema global
de distribuição e reservas Amadeus,
também nos coloca em posição de
destaqueno setor.NoBrasil, acidade
de São Paulo tem sido um grande
propulsor deste índice.
Segundoessas pesquisas, haveráqua-
tro tribos de viajantes quedominarão
o cenário nos próximos anos: a de
sêniores, formadapor quem teráentre
50e75anos; clãsmundiais, ouosque
se deslocarão em grupos para visitar
amigos e familiares com o cresci-
mento da imigração em um mundo
globalizado; os profissionais itine-
rantes, queaproveitarãohoráriosmais
flexíveis e viagens a custos menores
para morar com mais qualidade de
vida; e executivos globais, heads e
CEOs de empresas que viajarão de
primeira classe ou alugarão jatos.
Além de ser uma das grandes res-
ponsáveis pela absorção dos mais
diversos níveis de força de trabalho, a
atividade turística tornou-seaprincipal
exportadora e distribuidora de renda
no mundo. Na definição do WTTC,
trata-se de um setor que dá vigor às
economias e estimula o desenvolvi-
mento. Muito mais que vantagens
para quem viaja, significa benefícios
para as comunidades. Os moradores
de uma cidade ou destino precisam
saber da importância dos turistas e de
quemantê-los satisfeitosé também sua
responsabilidade.
O potencial turista em um futuro
próximo, como indica o estudo do
Amadeus com aHCHLV, será um via-
jante que, além de um belo roteiro,
buscarácriarmemórias eexperiências
inesquecíveis. Será imprescindível
oferecer experiências e não apenas
quartos de hotel. Aliar emoção, cria-
tividadee roteiros inusitadosemvezde
pacotes turísticos tradicionais.
Muitas das cidades bem-sucedidas
turisticamente no mundo criam,
inicialmente, produtos ou eventos
para a comunidade local e sódepois
os transformam emproduto turístico.
E essa tem sido uma das fórmulas
de São Paulo, que já é um centro
cultural bem aproveitado por sua
população. Assim, além de estender
alguns desses acontecimentos a turis-
tas, como peças de teatro, musicais,
festivais de cinema, exposições etc.,
aoposicionar a capital comoomaior
centro cultural, gastronômico e de
entretenimento da América Latina,
pensou-se em novos eventos que,
tão logo absorvidos pela população,
poderiam se tornar um grande
chamariz. Foi o caso, por exemplo,
da Virada Cultural, cujos alicerces
se consolidam e, cada vez mais,
apontam as possibilidades turísticas
do produto, ao mesmo tempo em
que estimulam um crescente envol-
vimento da população. Não à toa,
neste ano convidamos um grupo de
120operadores e agentes de viagens
de todo o Brasil e América Latina
para vivenciarem o evento.
É preciso inovar e ampliar a lista de
atividadesparapossibilitarqueo roteiro
vivido se transforme em experiência e
conhecimento. A abordagem histórica
pode ser um forte atrativo, desde que
sejaenvolvente, criativa, inusitada. Por
isso, em nossos roteiros de Turismetrô
em SP, o passageiro encontra persona-
gens que representam partes daquela
história, de forma pouco tradicional e
inesperada, oque se soma ao trabalho
dos guias turísticos.
Refletindo sobre tudo isso, mudando
nossa atuação, compreendendo bar-
reiras ecrenças comas quais precisa-
mos romper, somando-se à solução
de gargalos históricos - entre eles, a
melhorianaqualidadede serviços de
infra-estrutura e amaior capacitação
de nossos profissionais - poderemos
criar um novo momento do turismo
brasileiro. E assim, buscarmos a
liderança em um setor estratégico,
que tão bem distribui a renda e
fortalece as economias por meio das
exportações e empregos. Sem falar
no desenvolvimento gerado pelo
intercâmbio cultural, econômico,
social e tecnológico propiciado por
empresas aéreas, hotéis, locadoras de
automóveis, companhias de cruzei-
ros, agências de viagens e todos os
segmentos que compõem a atividade
turística na busca pela confiança das
quatro tribos de viajantes do futuro
que prometem “desequilibrar” o
mercado nos próximos anos.
OVIAJANTE
DO FUTURO E
ACULTURADA EXPERIÊNCIA
ES
PM
1...,129,130,131,132,133,134,135,136,137,138 139
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