Marco_2008 - page 105

Mesa-
Redonda
110
R E V I S T A D A E S P M –
MARÇO
/
ABRIL
DE
2008
GRACIOSO
–Apautaéambiciosa.Gos-
tariadesugerir,comopreocupaçãocen-
traldadiscussão,aprocuraporrespostas
àsperguntas: “Oque faltaparaonosso
Turismodeslanchar?Comodesenvolver
asoportunidadeseenfrentarosdesafios
paraqueomilagreaconteça?
MÁRIO
– Uma palavra-chave que
descreve o que falta para todos que
trabalham na área (as entidades, os
organismos de Turismo – de forma
direta ou indireta) é, principalmente,
a união. O Brasil émuito grande, as
regiões sãomuitodistintas, amaneira
depensar eagirdiferenteemalgumas
regiões, embora isso também nos dê
uma grande arma para disputarmos
no cenário mundial. Todas essas di-
ferenças, manifestações folclóricas,
gastronomias,diferentesprodutospara
ofereceraos turistas, sejam internosou
de outros países – comomontanhas,
mar, o Pantanal, aAmazônia, Foz do
Iguaçu, Brasília, a nossa costa, rios
– as mais diversas oportunidades, ou
segmentações do Turismo, quer seja
camping, pesca, enfim, tudo. Porém,
falta mais união. Já vi secretários de
Turismo – até mesmo governadores
–emapresentações importantes –em
que alguém do Rio criticava São
Paulo e vice-versa, ou entre Estados
doNordeste. Há pessoas que valori-
zamoque têm aoferecer, criticando
alguma deficiência de outro estado
– e que nem sempre é verdadeira. Já
vi, em feiras,muitas vezes, países em
situaçãosocioeconômicabempiordo
que o Brasil, que, nessesmomentos,
conseguemseorganizar, falandouma
única linguagem no que diz respeito
às coisaspositivasdopaís.
JRWP
–Ocasomaisdramático talvez
sejaodaSuíça,umpaísmenordoque
anossa IlhadeMarajó eque tem três
idiomasdiferentes! E, noentanto, eles
seunem.Maseugostariadeacrescentar
que,nonossopaís,háumcertoconflito
entreomercado interno eomercado
externo – e não só no turismo. Um
país comummercado internogrande
como o Brasil, muitas vezes, cria um
problema para se unir em função do
mercadoexterno.Mas, aSuíçaé fácil,
porqueomercado internoépequeno.
Eles precisam recebermuita gente de
fora.Comoéquepodemosolharpara
oBrasilsobopontodevistadoTurismo
nesse aspecto econômico de atração
paraosmercadosexternos?
CACO
–Seria importante lembrarque
oTurismo exige a articulaçãodeuma
rede muito mais pulverizada do que
os demais grandes setores que con-
seguimosenxergar. Sóparadeixarum
bignumber
.Sehojecreditarmosao tu-
rismo receptivo,noPIBbrasileiro,algo
comparável àexportaçãodeminérios
e ferro: vamos comparar com a rede
de mineração; talvez se tenham três,
quatrooumeiadúziadesubsetoresna
mineraçãode ferroe, geralmente, são
verticalizados: a extração, uma certa
pré-produção, o transporte e o envio.
Jáo turismonecessitadeuma redede
52subsetores,entãoficaclaroqueessa
articulaçãoémaisdifícil.Algunsdesses
subsetores são: hotel, restaurante, o
fornecedor do hotel e do restaurante,
transportes, estradas, indústria gráfica,
marketing...Entãoodesafiodeamarrar
uma articulação émaior.Tambémno
casodoTurismo – diferente de outros
setores, e aí é claro que todos os se-
tores impactamnoTurismo – estamos
vivendoummomentoderesultadosda
desregulamentação, da descentraliza-
çãonoBrasil,que foioqueaconteceu,
por exemplo, com companhias de
telefonia.Se formoscompararaviação
com telefonia, estamosdezanos atrás
datelefonia,entãotemosqueenfrentar
essa transição ainda. Temos uma
carência grande de estruturação
desse mercado interno. Por exem-
plo, eu almoçava com a consulesa
da Tailândia aqui no Brasil, e eles
recebem11milhões de turistas!
GRACIOSO
– Duas vezes mais
que nós.
CACO
–Essadesregulamentaçãoain-
davai causarmuitadesestruturação,
inclusivede interesses.Porquese tem
pertinhodaqui, em Ilhabela, umfim
de semana que custa cerca de US$
1mil, e sepoderiausar essemesmo
dinheiro (e geralmente muitas pes-
soas usam) para ir a Buenos Aires.
Existem passagens para o Uruguai
porUS$140, ida e volta.
JRWP
– Issoémais baratodoque ir
doRio a São Paulo.
CACO
– Então comofica o cara que
investiu no resort lá no Nordeste?
O que eu queria chamar atenção é
para o seguinte: se pegarmos como
benchmark
o país que tem a maior
estrutura – que é os Estados Unidos
– omaior mercado interno, emissor,
receptor, organizações como a TIA
– Travel Industry Association, que é
uma organização privada, uma es-
péciedeConventionBureauFederal,
que funcionaedáum jeitodeamoldar
todos esses interesses. Eu acho que
seria interessantediscutir–atéporque
seria algo que demoraria a maturar
– se não seria importante oBrasil ter
uma organização multissetorial de
turismo,compredomínioda iniciativa
privada,queéoque temdadograndes
resultados em boa parte do mundo.
HáparquespúblicosnaÁfricadoSul
que foramprivatizados, háatéocaso
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