Julho_2006 - page 95

sejamdeduzidos os contextos origi–
nais de produção do registro ou da
criação da representação. O segun–
do, o que permite identificar seja a
autoria da imagem seja o que parece
fundamental, a maior ou menor
aproximação desta representação
com o real. Em resumo, o que se
observa neste último aspecto é um
crescente embaralhamento das fron–
teiras entre os campos documental
e ficcional. Ou, como nos indica o
canadense Arthur Kroker em suas
teses sobre a hiperestetização da
cultura, a submissão das imagens
à condição de porta-vozes de uma
ideologia: a ideologia do entreteni–
mento a todo custo.
Estudando as interseções entre cul–
tura excremental, estetização do
real, deterioração das superfícies
(como a do corpo), simulação e
consumo, Arthur Kroker defende,
nos moldes de Umberto Eco, mas
principalmente inspirado em Jean
Baudrillard, que a tevê é hoje o
mundo real, desbancando as teses
pregressas de sua consideração
como "espelho da sociedade" ou
reprodução eletrônica de interesses
ideológicos. Ultrapassando a dimen–
são de mero aparato técnico para se
tornar aparato social abrangente, a
tevê exemplifica o que seria a cons–
tituição de um mediascape cuja
extensão tende à totalização.
Não há mais sociedade, ironiza
Kroker. Esta deu lugar a uma cultura
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