Janeiro_2008 - page 44

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R E V I S T A D A E S P M –
JANEIRO
/
FEVEREIRO
DE
2008
Educação para a vida ou
formação para o trabalho?
conteúdos neles ensinados resumem
bem o desejo das empresas quando
se referemaoprofissional generalista.
E nas organizações se investe em
conteúdos voltados à compreensão
do contexto específico daquela
empresa, bemcomonodesenvolvi-
mento das atitudes adequadas ao
profissional competente no âmbito
daquela organização, com seus va-
lores e crenças próprios.
Oprofissional competenteédesta for-
madefinido,casoacaso,masemgeral
inclui o domínio de forma excelente
deconhecimentosehabilidades,além
da compreensãodas necessidades do
negócio. É também especialmente
valorizada amaturidadepessoal. Essa
maturidade não exclui uma grande
dosedecriatividade, e inclui odesejo
deempreendereacapacidadedetraba-
lharem times,sempreembenefícioda
maiorprodutividadeecompetitividade
dasempresas.Alémdisso, ser compe-
tente é não possuir atitudes reativas e
conservadorasemrelaçãoàsmudanças
nas formas de trabalho, única certeza
que se pode esperar do futuro. E são
atitudes maduras e inovadoras que
os programas de formação buscam
desenvolver, e são essas mesmas ati-
tudesquesãomencionadasemartigos
e em algumas entrevistas de diretores
de recursos humanos, como a lacuna
deixadapelas faculdades.
Desdeofinaldosanosnoventassabía-
mos que vivíamos um novo tempo
no âmbito de trabalhar e produzir; e
que era chegada a hora, também, de
“competirpelo futuro”. E foinosanos
2000queasempresasassumiramares-
ponsabilidade de promover o desen-
volvimento dos trabalhadores num
sentidonovo,e,para tanto, investiram
nasUniversidadesCorporativas.Ose-
tordeserviçosdealtaespecialização,
a engenharia genética, a televisão
interativa, a multimídia, os negócios
pela internet, a telefoniamóvel, exi-
giamnovas regras na estruturaçãoda
cadeia de valor, e a participação de
umprofissional talentosoemuitobem
preparado. Além disso, as empresas,
para seremmais competitivas, neces-
sitavam de uma elite intelectual que
utilizasseassuashabilidadesanalíticas
para planejar, desenvolver produtos
e serviços e controlar a produção,
agregandovalor,pelosconhecimentos
que possuem e pelas informações
fornecidas às empresas. Somente
essaspessoaspodem trazer respostas
corretassobreaatuaçãoempresarial
nos tempos de grande incerteza em
que vivemos. E as Universidades
Corporativas tiveram por missão
preparar estes profissionais.
Forammuitas as questões que surgi-
ramquantoàefetivacontribuiçãodas
Universidades Corporativas que em
pouco tempo poderão, nos Estados
Unidos, superar em número as Uni-
versidades do ensino oficial, como
parte do esforço de educação do
país.Nãopodemosnosesquecerque
a educação é uma forma específica
de influência social. Sendo assim,
de que forma a educação oferecida
pelasempresas influenciaaspessoas?
Poderiam essas entidades, que tão
bempreparamosprofissionaisparao
trabalho, prepará-los também para a
vidaem sociedade?
O trabalhoéapenasumadasdimen-
sõesdavidasocial,eodesafiodeviver
em sociedadedeterminaqueexistao
entendimentoentreossereshumanos.
Ora, issosomenteépossívelapartirdo
momento em que, com nosso ponto
de vista, formos capazes deperceber
e nos dispormos a adotar opontode
vistadooutro.Um indivíduomaduro
é quem tem na sua forma de agir a
permanente busca do entendimento
com as outras pessoas. Não apoiado
numa posição de autoridade, mas
fazendoprevalecerrazõesquepodem
convencer a todos igualmente, enão
baseando-sesomentenosargumentos
erazõesquerefletemassuaspreferên-
cias, ou as de uma outra pessoa
qualquer, eque, naprática, nãopode
atender aos interessesde todos.
Seria esse o profissional maduro
desejado pelas empresas, aquele
que é capaz de conciliar o interesse
divergente? Se a sua transformação,
a partir da educação oferecida pelas
empresas, fizesse deles pessoasmais
conscientesecapazesdedialogar,eles
entenderiamquea formadas organi-
zações verem omundo, de definir o
que é adequado ou não no compor-
tamento das pessoas, baseia-se em
crenças, valores, desejos eprincípios
individuais, ditados pelas demandas
dessas mesmas organizações, e que,
talvez,nãosejamasmelhorespráticas
em outras esferas da vida humana;
neste caso, certamente, estaríamos
falandode um indivíduomaduro. Se
osprofissionais formadosno trabalho
adquirissem a capacidade de argu-
mentar a favor dos interessesmaiores
da sociedade e saíssem em sua
defesa, mesmo quando se chocas-
sem com o interesse específico da
empresa, certamente poderíamos
considerá-losmaduros.
Aeducaçãonãodeveestar limitadaàs
necessidades domundodo trabalho,
precisa estar voltada à formação de
um indivíduo para a família, para o
trabalho, para a comunidade e para
opaís, edeveensinarqueas relações
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