Janeiro_2007 - page 43

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R E V I S T A D A E S P M –
JANEIRO
/
FEVEREIRO
DE
2007
Entrevista
zente com o sucesso empresarial”.
Até que ponto isso teria fundamento?
IVES GANDRA
– Indiscutivelmente,
vocêserefereaLuteroeprincipalmente
a Calvino, que acha que “o cidadão
bem-sucedido serianavidaum sujeito
agraciadoporDeus”. Épraticamentea
éticaprotestantequeprovocaacontra-
reformados jesuítas etc., eocorrenum
período em que, de fato, houve uma
certa desestruturação do catolicismo,
da igreja católica. A visão da época
de que os valores espirituais estariam
em conflito com os valores de vida
comum, devidaordináriaéumpouco
equivocada.Vocêpode, perfeitamente,
serumexcelenteprofissional,umexce-
lenteempresárioeacreditarnoespírito.
Uns 300 anos antes de Constantino,
todo católico tinha a sua profissão e,
no próprio Evangelho, se você anal-
isar nos atos dos apóstolos, verá que
todos os cidadãos ali apresentados são
profissionais.Paulodiz:“nuncaprecisei
deixarde trabalharparaviver, ninguém
precisoumesustentar,euera fazedorde
tendas”. Cristo era conhecido como o
filhodeummarceneiroequeriaserum
bommarceneiro, para ser reconhecido
como um sujeito competente no que
fazia.Osprotestantesaproveitaramesses
ensinamentos dos primeiros anos do
cristianismo.Na IdadeMédia, forma-se
uma concepção – que não era total-
mente incorreta, mas era parcial – de
queaúnica formadevocêsantificar-se,
navida,erasaindodomundo.Surgiram
osanacoretas,osconventoseocidadão
normal, comovocêeeu–nãopassava
disso.Criaram-sedoismundos.Poroutro
lado, o próprioVaticano tinha os seus
estados pontificiais, o que trouxe uma
certaconfusão,próprianãoda religião,
mas da percepção dos homens. Mas
houveum retornoaocristianismoorigi-
nal, dos primeiros 300 anos, daqueles
“UM LEIGOÉTÃO IMPORTANTEQUANTOUM
SACERDOTE, QUALQUERQUESEJASUAATIVIDADE.”
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