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R E V I S T A D A E S P M –
SETEMBRO
/
OUTUBRO
DE
2007
Amudança na estratégia internacional da
Marcopolo
não cresce por falta de investimentos.
Omercado, que erade4.500 a5.000
ônibus por ano, baixou para 2.800
unidadesporqueosempresáriosdo se-
tornãovêemperspectivas.Paracrescer,
sóexportando. Com40%domercado
nacional, não há como aMarcopolo
ampliaressaparticipação.
Inesperadamente, alguns problemas
em determinados setores acabam por
favorecer outros. Estima-se que a crise
aérea brasileira, que veio a público
após oacidentecomoaviãodaGOL,
em setembrode 2006, promoverá um
aumentode15%nasvendasdeônibus
para transporte interestadual em2007.
Outraexpectativaéarenovaçãodecon-
tratodasempresastransportadorasinter-
estaduaisdepassageiros.Algumascon-
cessões, de15anos, estãoparavencer
ea renovaçãodeverá ser feitapormais
15anos,oquefavoreceoplanejamento
paraacompradenovosveículos.
REPENSANDOAESTRATÉGIA
DE INTERNACIONALIZAÇÃO
Com relação ao futuro, o vice-presi-
dente JoséAntonioMartins afirma que
os projetos de expansãono exterior se
devemaocâmbio, que tornouoBrasil
muitomenoscompetitivo.Omodelode
produçãoemquetodososcomponentes
eram fabricados namatriz, emCaxias
doSul,eenviadosparaasunidadesem
outrospaíses,modeloestebaseadonos
baixos custos de produção brasileiros,
parece ter seesgotado.Aempresaper-
deuomercadodoOrienteMédio,que
rendia US$ 40milhões ao ano, para
os fabricantes chineses, por causa do
câmbioapreciado.Até2004,aempresa
exportavacercade1.000ônibusporano
paraaArábiaSaudita,Kuwait,Emirados
Árabes,Qatar eDubai. Em2006, esse
númeromalchegoua100.
Aestratégiadaempresaera transformar
oBrasilnumcentrodedistribuiçãopara
as suasmontadoras nomundo inteiro.
Mas o câmbio desfavorável obrigou-a
a alterar esse plano inicial. Agora não
vão apenas montar os ônibus lá fora.
Também vão fabricar as peças, que
antesseriamfornecidaspeloBrasil.Jáfoi
iniciadoumprocessodenacionalização
das unidades demontagememoutros
países,comoMéxicoeColômbia.
Segundo um consultor especializado,
“ninguémmuda ummodelo de in-
ternacionalização apenas com base
na flutuação da moeda”. Para ele, a
valorização do real pode ter sido sim-
plesmenteodetonadordeumprocesso
inexorável de mudança de estratégia,
uma vez que o abastecimento local é
fundamental, especialmenteempaíses
com grandes mercados, como Rússia
e Índia. Para José RubensDe La Rosa,
diretorgeraldaMarcopolo,aexpansão
internacionalparaessespaíses jáestava
prevista na estratégia da empresa. Os
ônibus serão produzidos por parceiros
escolhidospelos critériosde relevância
econhecimentodomercadodoméstico.
Elesfabricarãooscomponentesoucom-
prarãode fornecedores locais.
Dentrodestenovomodelo, dedescen-
tralizaraomáximooprocessode fabri-
caçãodosônibus,aimplantaçãodeuma
fábrica émuitomais complexa.Antes,
alguns poucos funcionários brasileiros
se deslocavam para ensinar aos fun-
cionárioslocaisoconhecimentorelativo
àmontagemdosônibus.Agora, trata-se
deoutrashabilidades, a transmissãode
tecnologiadeprodutoeprocesso. Para
afábricadaRússia,foramdeslocados50
funcionáriosbrasileiros,porumperíodo
de trêsmeses, e sua função foi recrutar
e treinar engenheiros, compradores,
inspetores de qualidade, técnicos para
desenvolver fornecedores locais e
controladores de
softwares
de gestão.
AMarcopolo investiu 6,5milhões de
dólaresnessa fábrica,eopapeldasócia
Ruspromauto é entrar com o conheci-
mentodeummercadoondedetém70%
departicipação.
Talvez com algum exagero, ele afirma
que,emquatroanos,aempresaterámais
funcionáriosnoexteriordoquenoBrasil.
“Masnãoestoufalandodadestruiçãoda
MarcopolonoBrasil, ela vai continuar
domesmo tamanho no país. Não vai
encolher, porque temos ummercado
muito fortenaAméricadoSul”.
Atéo iníciode2006,70%doscompo-
nentesutilizadospelaMarcopoloeram
produzidosnoBrasileexportadospara
as filiais, mas atualmente as fábricas
os compramonde formais barato. Eo
outsourcing
é um caminho sem volta.
Mesmoque odólar se valorize, a em-
presanão retornaráaovolumeanterior
decomprasnoBrasil.Com isso, opaís
deixadecriarempregosnafabricaçãode
peças.Componentesplásticos também
passaram a ser fabricados noMéxico.
“Daquiaumtempo,voufabricarônibus
na China para exportar para o Brasil”,
concluiMartins.
Aempresaé titulardeváriasmarcas
registradas no Brasil e nos prin-
cipais países onde comercializa
ou pretende comercializar seus
produtos. Sãomaisde200 registros
ou pedidos de registros demarcas
emmais de 20 países.
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PAÍSES