Setembro_2007 - page 29

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R E V I S T A D A E S P M –
SETEMBRO
/
OUTUBRO
DE
2007
brasileira de entender “o outro”. O
interessanteaqui éomovimentoque
os brasileiros fazem nesta direção
e que consideram absolutamente
natural. São eles que, segundo estes
executivos, tentam entender a “ca-
beçadooutro”quepermanecefirme
no seu próprio espaço social. Esse
movimento“paraooutro” independe
da posiçãohierárquica desses profis-
sionais.Verifica-se tantonosbrasileiros
em posições sêniores, como entre
os executivos médios. Mais ainda,
permite que os brasileiros construam
uma visão de abertura cultural por
oposiçãoaosdemais, principalmente
Os horários de trabalho no exterior
são muito mais disciplinados do que
no Brasil, permitindo aos executivos
despenderem maior tempo com a
família e melhorando, conseqüente-
mente, a suaqualidadedevida.
filhos aoportunidadedeaprenderem
outras línguas, deconheceremnovas
realidades, de saberem o que é ci-
dadaniade fatosemaomesmo tempo
perderem a “doçura” das relações
familiares e interpessoais brasileiras,
forma um quadro bastante atrativo
para todos eles.
Neste contexto, a oposição público e
privado que esses executivos estabe-
lecem,atravésdadistinçãoentre“nos-
sas” relações interpessoais calorosas
e as distantes e impessoais por parte
“deles”, e a qualidade de cidadania
“deles” versus a experiência brasileira
da “desigualdade” reproduz emoutro
níveluma formaclássicade falarsobre
anossa identidadeporpartedenossas
elites,conformeexploreiemumartigo
intitulado“JeitinhoseAmbigüidadesna
Sociedade Brasileira”. Naquela opor-
tunidade indiquei quequandoexami-
návamos a construção da identidade
nacional, no pensamento intelectual
brasileiro,deumpontodevistahistóri-
co verificava-se uma relação inversa
entre nação e sociedade. A nação, o
conjunto de instituições econômicas,
políticasesociaisbrasileiras,era repre-
sentadade formapredominantemente
negativa, enquanto a sociedade, o
nossomodeloderelaçõesinterpessoais,
familiares e raciais, aparecia sempre
atravésdeumviéspositivo.Omesmo
ocorre no discurso desses executivos.
Uma identidade brasileira positiva é
sempre construída em tornodaquali-
dadedasnossasrelações interpessoais;
outramaisnegativaaparecequando
saímos do ambiente do trabalho
e mergulhamos na experiência de
viver em países com poucas desi-
gualdades emuita cidadania.
Um outro aspecto relevante, enfati-
zadopor todos, foi a disponibilidade
Gerência
intercultural
Foto: Scott Liddell
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