22
R E V I S T A D A E S P M –
SETEMBRO
/
OUTUBRO
DE
2007
Amudança na estratégia internacional da
Marcopolo
comitêdeP&Dcentral,responsávelpor
projetosmaiscomplexosesofisticados.
Comomuitosconcorrentescomeçaram
a utilizar soluções e componentes
desenvolvidos pelaMarcopolo, a em-
presa passou a registrar patentes de
invenção – só de 2003 para cá foram
cercade25 registros.
Aempresaanunciou,emdezembrode
2005, a adoção do conceitomodular
naproduçãodeônibus,uma inovação
tecnológica de relevância. O novo
sistema, queeliminaa soldaparafixar
as carrocerias no chassi comousode
parafusos, foi utilizado na família de
ônibus Senior e SeniorMidi, produtos
queaempresalançounaquelemês.Ele
melhoraaqualidadeeadurabilidadedo
produto,permitindoreduzirotempodo
desenvolvimentodoprojetodeengenha-
ria e garantindo um ganho de 10%
na produtividade. Os novos veículos
também garantemmaior facilidadena
reposição das peças. Com as tampas
lateraismóveis,amanutençãoficamais
fácileocustode reparomenor.
INOVAÇÕESDEPROCESSO
Quandoasempresasdo setorautomo-
bilístico decidem exportar, iniciam as
operaçõesvendendoprodutoscomple-
tos,conhecidoscomoCBU(Completely
Built-Up). Com o passar do tempo,
os países importadores, com vistas a
gerar empregos no âmbito doméstico,
impõem impostoselevadoseexigema
montagemdos produtos no local, eas
exportaçõespassamautilizarprocessos
CKD (CompletelyKnockedDown) ou
SKD (SemiKnockedDown).
NoprocessoCKDoônibuséexportado
totalmente desmontado, com todas as
peças separadas, eumaequipemonta
oprodutofinal do começo aofim, no
paísdedestino,comogabarito técnico
emmãos.Aexperiênciaadquiridapela
Marcopolo nessa ação voltada para o
mercado interno–produçãodepartes
ecomponentesemumlocal,montagem
dascarroceriasemoutro– foiutilizada
nosanosseguintescomoumadasbases
para expansão das exportações. Isto
ocorreunaVenezuela, em1971, onde
o governo taxava a importação de
carrocerias montadas. AMarcopolo
orientou a empresa venezuelana En-
samblajenaconstruçãodeumaplanta
industrialcomcapacidadeparaproduzir
1.000 carrocerias por ano. O
layout
foi concebido emCaxias do Sul, com
assessoria dos técnicos daMarcopolo
na instalação da linha de produção.
A Ensamblaje nacionalizava o veículo
com a montagem e a produção de
partedoscomponentes. Essaoperação
tornouaMarcopoloaprimeiraempresa
da indústriaautomobilísticabrasileiraa
vender tecnologiaaoexterior.
Também exportanamodalidade SKD,
ondeaspartesdoônibus sãoenviadas
em kits pré-montados e, neste caso,
uma equipe apenas finaliza amonta-
gem no outro país. O domínio dessas
tecnologiaseaposteriormontagemdos
veículos constituiuum grandediferen-
cial para aMarcopolo. Muitos países
ainda impõem impostosde importação
elevadosparaasexportaçõesCKD.Os
governospassamaexigir umplanode
nacionalizaçãoprogressiva, estimulan-
doasempresasaproduzirno localum
percentualcrescentedoscomponentes
queestavamsendoexportadosemCKD.
Algunspaíseschegamacobrar tributos
de 25 a 30%, forçando as empresas
queláseinstalaremanacionalizartotal-
menteseusprodutos. Isto trazoriscode
criarconcorrentespotenciaisque,após
o término dos contratos, absorvem o
know-how
daempresaestrangeira.
AMarcopolopassouaexportarcarroce-
rias semi-desmontadas PKD (
partially
knocked down)
, uma inovação que
surpreendeu os fabricantes de chassis
eônibusde todoomundo,poisutiliza
noprocessodemontagem ferramental
egabaritos concebidosde formaespe-
cífica. Nesse sistema, o ônibus segue
praticamente pronto, inclusive com
pinturaeacabamento interno, faltando
apenasencaixarochassi.
Em 1986, a empresa iniciou a im-
plantação de técnicas japonesas de
gestão, introduzindo os conceitos de
just in time
e
kanban
.Depois,adotoua
produção com qualidade assegurada,
estendendo-a aos fornecedores. Os
custos com estoques baixaram 70% e
Um dos resultados importantes da
parceria com a Daimler-Chrysler no
México foi o desenvolvimento de um
novo ônibus, com inúmeros avanços
sobre os existentes, para atender o
mercado doNAFTA.
Dos componentes e acessó-
rios necessários para montar
um ônibus, como poltronas,
janelas, painéis e bagageiros
eramproduzidos inteiramente
pelaMarcopolo.
80%