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A sociedade dos
executivosmortos
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R E V I S T A D A E S P M –
JANEIRO
/
FEVEREIRO
DE
2007
A SOCIEDADEDOS
EXECUTIVOS
MORTOS
donossogrupoeaconversa tornou-
semais descontraída.Meus amigos
eram já idosos, todos eles com um
passado de longos anos como exe-
cutivos ou dirigentes de empresas.
Falávamos justamente de salários
e outros benefícios dos executivos,
mas também de sua contrapartida,
que são as angústias e preocupações
que levamosparacasa.Lembro-mede
quemencionei então que os salários
deexecutivosna Inglaterracresceram
dezessetevezesmaisdoqueamédia
geral dopaís, nosúltimos três anos.
Neste ponto, um dos presentes, presi-
dente de uma multinacional alemã,
e que chamarei de Manfred Mayer,
mostrou-se visivelmente inquieto. Isso
não era comum, pois era uma pessoa
normalmentetranqüilaeobjetiva,com-
binandoasuanaturezagermânicacom
umdoutoradoemmatemática.Ficamos
todossurpresosquandoeledisse:“levar
N
uma noite fria e úmida, como é
comum no inverno em São Paulo,
convidei três casais de amigos para
jantar em casa.Depois da refeição,
enquantominhamulherconversava
com as senhoras na sala da frente,
levei os homens para a biblioteca
e abri uma garrafa de conhaque.
A conversa começou animada e
enquantoachuvacaía lá foraacaba-
mos repetindo a dose. Issodeve ter
contribuídoparaafastaras inibições
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