Janeiro_2005 - page 95

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J A N E I RO
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F E V E R E I RO
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2005–REV I STA DA ESPM
profissional vai ter é o de negócios.
No segmento de luxo buscam-se
profissionais. Uma LVMH contrata
executivos de Procter & Gamble,
Unilever. O novo presidente daGu-
cci vem de uma divisão de sorvetes
dogrupoUnilever.Hoje, o segmento
de luxo é um segmento profissional
que precisa de profissionais que en-
tendam de
business
. Tenho a expec-
tativa de que esse segmento dobrará
de tamanho nos próximos seis anos.
ISMAEL
– Omercado vai crescer
e as empresas, cada vezmais, pre-
cisam fazer sua lição de casa. Foi
oquediscutimos aqui. E fazer lição
de casa é, realmente, entender que
é um
business
, que precisa ser
trabalhado mercadologicamente.
Daí anecessidadedebonsprofissio-
nais. O segmento tem importado
profissionaisdeoutras áreasporque
ainda não temos escolas que
formem profissionais especializa-
dos nesse tema. Vamos ter mais e
mais empresas contratando profis-
sionais voltados ao segmento do
luxo, porque ele realmente vai
crescer e profissionalizar-se. As
marcas, principalmente no Brasil,
precisam ter consciência de sua
perenidade. Esse é um mercado
muito novo e tenho certeza que
vamos ter aí algo bastante interes-
sante, tanto profissionalmente
quanto mercadologicamente, aca-
demicamente.
JR
– Vocês acentuam o conhe-
cimento de negócios, de
business.
Mas não há negócio, nem
business
que não dependa de uma coisa
chamada ser humano. Na sua vi-
são, Livia, qual a importância do
conhecimento do ser humano para
esse negócio?
LIVIA
– Em termos sociológicos e
culturais–ondeme sintomaisàvon-
tade–háduas coisas quechamama
atenção. Primeiro, operfil das novas
fortunas domundo. Quem são essas
pessoas? Elas não têm perfil
aristocrático, e parecem voltadas
para outros interesses além do
consumo.VejaoBillGateseosnovos
milionários. Além disso, entre as
maiores fortunas, sete são fortunasde
jovens. Não sei como isso pode
afetar alguma coisa, a longo prazo.
Pensaria nisso, inclusive no Brasil:
pessoas que podem comprar
praticamente qualquer coisa que
desejam, mas o interesse delas não
estámais nisso.Veria essa tendência
com cuidado.
MAURO
–ConcordocomaLivia.Tal-
vez, 70, 80% seja
business,
mas acho
que há pelo menos 30% de
sensibilidade: um olho para o luxo.
Vim do mercado de massa e tive
dificuldade para me adaptar aos
conceitos do luxo. Enquanto um
produtodemassabuscaadistribuição,
o luxobusca a seletividade, busca, de
fato, diminuir a distribuição. Se a
pessoa aplicar os mesmos conceitos
demassa dentro do luxo, vai se dar
mal. Por isso, acho que o
business
só, não faz um bom profissional de
luxo; ele precisa de algo mais.
FG
– Sensibilidade, informação e
coragem para ser diferente. Estava
vendo outro dia uma revista cha-
mada
Plug
– é o resultado de um
curso de jornalismo oferecido pela
EditoraAbrilaosmelhoresalunosdas
faculdades de jornalismo do Brasil,
e entre eles são escolhidos os que a
Abril vai contratar. Como produto
final dessecurso, fazemuma revista
muito bem impressa pela própria
Abril.Folheandoesta revista, percebi
como é estereotipada a cabeça dos
jovens brasileiros, em alguns
aspectos. Das 28 ilustrações prin-
cipaisda revista,26 sãomulheresem
variados estágios de nudez. A
matéria da página central da revista
faria corar de inveja os redatores da
Playboye temcomoanexo,umcurso
avançado sobre sexo. Realmente, é
preciso ser diferente damaioria – ter
sensibilidade, informação, cultura,
caso contrário, não se vai entender
o que é esse mercado. Acho que
vocês cobriram o assunto demuitas
maneiras. Lembraria apenas um
aspectoquenão foi registrado. Acho
que o mercado do luxo teve essa
expansão noBrasil – principalmente
nosúltimosdezanos–como reflexo,
também, da abertura do Brasil ao
mundo exterior, em todos os
aspectos. Não só em termos de
importação, exportação, mas tam-
bém em idéias, viagens, exposição
à mídia estrangeira. As elites brasi-
leiras estão mais bem informadas
sobre tudooqueocorre lá fora – eo
luxo vem, acima de tudo, do exte-
rior.Não é aqui que seproduzemos
ícones do luxo. Acho que isso vai
aumentar ainda mais e, por si só, é
quase uma garantia de que esse
mercado vai continuar crescendono
Brasil. É claro que o fator limitativo
é aquele que a Livia lembrou: nós,
brasileiros, temos mais vontade de
gastar do que dinheiro no bolso.
JR
– Falou-semuito da França e há
uma frase em francês que acho que
ajuda a sintetizar onosso tema, que
é “Vive la difference”. Agradeço a
presença de todos e espero, mais
uma vez, que esse debate seja útil
nas nossas aulas e, em geral, para
os leitores da
Revista da ESPM
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