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J A N E I RO
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F E V E R E I RO
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2005–REV I STA DA ESPM
O luxo está também nessa via.
FERREIRINHA
– Mas, muito no
luxo comportamento, Mauro. Já o
luxo como atividade de negócios
tem por como princípio produtos
com matéria-prima de excelente
qualidade e mão-de-obra altamen-
te qualificada; o que faz dele um
produto caro.
MAURO
– Não nessa visão de
business
, quando digo: luxo, para
mim,éparticipar.Paraopobre, luxo
éparticipar deuma festano terraço
dacasadele. Issoécomportamento;
não é negócios.
FG
–Dequalquer forma,aquiloque
vocêdefiniucomomercadode luxo
não se destina aos pobres.
MAURO
–Diria que, dentrodesse
luxo sobre o qual estamos falando,
existe uma segmentação que é
aceitável. Por exemplo, você tem
uma sensibilidade de escolher um
relógio que não é de uma marca
extremamente cara, do tipo um
Patek Philippe, mas você vai em
uma loja de
design
do Philip Stark
e escolhe um relógio com uma
pulseira que você mesmo corta e
coloca na medida do seu pulso.
Quer dizer, essa noção de iden-
tidadepessoal queo luxoatual traz,
essa nova versão de luxo é que
diferencia a relação. Antes, luxo
eram asmarcas superpremium que
estão lá em cima – beirando o
inacessível. E hoje, temos uma
visão um poucomais democrática.
Não significa que os pobres façam
parte disso.Mas o luxo possibilitou
umasegmentaçãoemváriosgrupos.
LIVIA
– Existe o luxodo luxo, pro-
dutos quase que únicos, sobmedida.
BolsasdeUS$40mil–aGucci fabrica
uma. O luxo teve também um pro-
cesso de democratização. No Brasil,
muito grande, a facilidade de crédito
permite. E um outro dado: no Brasil,
luxo não é formal, em termos de
vestuário; é casual. No Rio, anda-se
de sandáliasHavainas, entra-se numa
loja Louis Vuitton, com uma bolsa
Prada, vestindo uma calça
jeans
e
camiseta, tudo está absolutamente de
acordo, com charme e elegância.
MAURO
– Com a globalização, a
busca pela identidade pessoal fez
com que, muitas vezes, marcas que
se tornaram íconesde luxodeixaram
de ter esse rótulo. O bonito é ter o
seu próprio estilo. Não basta ser
reconhecidoporestarcomumabolsa
LouisVuitton, como todos os que es-
tão viajando. As pessoasmais “ante-
nadas” procuram marcas que não
sejam luxobanalizado: é o luxoque
você surfa na tendência – per-
sonalizado. Emmuitas lojas do tipo
Chocolate, na Oscar Freire, que é
uma loja de multimarcas e fala-se
de grade – em lojas de vestuário, é
importante.Mas, no verdadeiro luxo
é cada vez menos importante.
FERREIRINHA
– Mas esses ainda
são exercícios, tendências. No caso
de uma Chocolate, é o seu estilo de
comportamento de negócios, traba-
lhar dessa forma. Já nas grandes ca-
deias mundiais, não se consegue fa-
zer isso. O cliente mudou; as mar-
cas tiveram de se ajustar.
JR
–Ondeestáa fronteiraentre luxo
e arte?
FG
– O comprador de arte compra
algo que é exclusivo. Eu estava len-
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