Janeiro_2005 - page 92

Mesa-
Redonda
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REV I STA DA ESPM–
J A N E I RO
/
F E V E R E I RO
D E
2005
Uma Montblanc não está no mer-
cado para inovar pelacompetência
técnica da sua caneta, mas para dar
sustentaçãoà suahistória. Eessahis-
tória tem a ver com a fantasia, com
o imagináriode saber que éuma ca-
netaMontblanc porque tem a estre-
linha em cima – isso émaravilhoso.
FG
– Tradição significa exclusivi-
dade.
MAURO
–Há
cases
emque a tec-
nologia é importante. Por exemplo,
a Lancôme, uma marca de luxo,
mas que perdeu um pouco as suas
raízes por falta de inovação.
FERREIRINHA
– Mas precisa ter
a tradição associada.
MAURO
– Concordo que não é
predominantemente a inovação.
Mas há segmentos, como cosmé-
ticos, por exemplo, produtos que
foram tão segmentados, que, hoje,
tem produto para a ruga do nariz,
do dedo, em qualquer marca. Seg-
mentou-se o rosto da pessoa e sur-
giram produtos específicos para
cada área do rosto. Uma empresa
descobre um produto para as pri-
meiras rugas dos olhos. Em segui-
da, surgem outras 50 marcas no
mesmo segmento, explorando a
mesma idéia criativa. É mais um
mercado de
benchmarking
, e isso
é um pouco dessa sustentabilidade.
No business do luxo, há essa vora-
cidade da inovação. Há várias em-
presas de marketing de luxo que
têm uma enormidade de lança-
mentospormês.Oconsumidornem
bem incorporou a última inovação,
já está chegando outra, e assim por
diante. Até no segmento eletrônico.
JR
– Você fala de moda, tecno-
logia, mas trabalha na indústria de
bebidas. Como é que a indústria de
bebidas funciona nessa questão do
luxo e do popular?
FG
– Trabalhei com cerveja durante
anos e o que mais temíamos mexer
erano rótulo.O rótulo temdeparecer
velho, de 200 anos pelomenos.
JR
– Mas cerveja é um produto
barato. Uma cachaça Havana que
custaR$300, vocês achamque um
produto como esse tem chance
internacionalmente?
FERREIRINHA
– Não acho que a
cachaça possa ser um produto bra-
sileiro
de luxo; é omesmo caso da
Havaianas. O brasileiro confunde
essas coisas, porque somos um país
jovem, temos pouca referência das
raízes culturais.
JR
– Sim, mas parece que existe
Havaianas de US$ 500.
FERREIRINHA
– Trata-se de
Havaianas vendidas numa única
loja do Japão, feita especialmente
para essa loja. Acho que a cachaça
brasileira tem condições de tornar-
se um produto de exportação.
TomaraaDeus.Mas issonãoé luxo.
Luxo tem um berço cultural, e aí
está associado à Europa, à França
principalmente.
JR
– E o que fazem as empresas
para perenizar-se, tornarem-se
cada vez mais desejáveis?
LIVIA
– O Ferreirinha disse que a
“OSEGMENTODELUXOEMPREGA,
GERADIVISAS.NÃOHÁNADADEAMORALNISSO.”
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