Maio_2008 - page 34

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R E V I S T A D A E S P M –
MAIO
/
JUNHO
DE
2008
A diversidade cultural nas
organizações
raizdemuitosdesentendimentose,em
muitoscasos,dedesconfortoseinsatis-
fação.Podemserobstáculo, também,
para o sucesso de negociações e de
outros tiposde relacionamento.
COMPORTAMENTOS
CULTURAISNARELAÇÃO
ENTRECULTURASDIVERSAS
Dois conceitos centrais servem para
analisaroscontatosentreculturasdiver-
saseforneceminsumosimportantespara
entender as formas de relacionamento
entreempresaseentreexecutivos.Umé
ode
etnocentrismo
,consideradocomo
omodo de ver as coisas, segundo o
qualoprópriogrupoéocentroe todos
osoutros sãoconsiderados eavaliados
com referência a ele. Conforme essa
perspectiva, o próprio grupo (
endo-
grupo
) éconsideradocertoeos outros
(
exogrupos
) são tachadosdeerradosou
incorretos todavezqueo seucompor-
tamentodiferedo
endogrupo
7
.
Osmembrosdecadagruposocial têm
sempre preferência pela sua própria
cultura. Estão acostumados a elas e
-obviamente-compartilhamos va-
lores,oscomportamentos,as tradições
com os outros integrantes do grupo.
Lévi-Strauss (1968:19) supõequeessa
atitude repouse sobre fundamentos
psicológicos sólidos, jáqueela tende
a reaparecer tanto nas sociedades
modernascomonasprimitivas.Oau-
tor observa que, em todas as épocas
e lugares, cadaculturapretendeuen-
carnar aessênciamesmadahumani-
dade,qualificandoosoutrospovosde
“bárbaros”ou “selvagens”.
O problema surge quando aqueles
quenãodetêmosmesmosvaloresou
hábitos são desqualificados só pelo
fato de serem diferentes. Essa atitude
Osmembrosdecadagruposocial têmsemprepreferênciapelasuaprópria
cultura.Estãoacostumadosaelase-obviamente-compartilhamosvalores,
os comportamentos, as tradições comosoutros integrantesdogrupo.
podechegaraoextremode lhesnegar
direitos e, inclusive, de excluí-los
– até com a morte – do convívio
social. Erikson define o que ele de-
nomina de “distanciamento” como
uma propensão a isolar, a rejeitar
ou, até, a destruir aqueles que lhe
parecem ameaçadores
8
.
Nos contatos entre organizações, o
etnocentrismo está semprepresente
epodedeterminar problemas sérios
De incompreensão ou de incomuni-
cação.Podesuscitar, também,mal-es-
tar eantipatia.
Outro conceito a ser considerado
é o de
etnocentrismo negativo
que
surge do complexo decorrente do
questionamento radical da cultura
feito pelo colonizador (Cf. Perrot e
Preiswerk 1979: 62). Todo país que
alguma vez foi colônia, foi obrigado
a considerar que os elementos da
cultura da metrópole colonial eram
superiores aos que ele detinha. Isso
levoua tentar imitarosvaloresalheios
à incerteza face aos valores culturais
que lhe sãoopostos, aoautodesprezo
e à valorização positiva, em todos
os casos, dos
exogrupos
. De acordo
com Erikson (1972), o indivíduo que
pertence a um grupo minoritário,
dominado ou explorado, visualiza a
identidade positiva do grupo domi-
nanteaomesmo tempocomomodelo
ideal ecomomodelo inacessível
9
.
Esseconceito, sepresentenamesa
de negociações, por exemplo,
podeprejudicar aposiçãodaquele
que o vivencia.
O conceito de
estereótipo
é também
importanteparaaanálisedasdiferenças
culturais.Oestereótipoéuma idéiaou
convicçãoclassificatóriapreconcebida,
resultante de expectativa, hábitos de
julgamento ou falsas generalizações.
Trata-sedeumafalhalógica,umagene-
ralização simplesoudeficiente.
Todos temosoucremos teruma ima-
gem representativa dos indivíduos
que pertencem a outra cultura. As-
sim, aspalavras “alemão”, ou “pau-
lista”,ou“argentino”,ou“mineiro”,
ou “japonês”, ou “americano” etc.
nos trazema imediata representação
daquilo que nós pensamos que é
aquilo que estamos invocando. A
questão é verificar se essa repre-
sentação mental é uma imagem
autêntica ou é um estereótipo.
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