Maio_2008 - page 38

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R E V I S T A D A E S P M –
MAIO
/
JUNHO
DE
2008
A diversidade cultural nas
organizações
de valores compartilhados (Meier
2004: 11). Neste sentido, são im-
portantes – e diferenciadoras - as
formas de incorporação e iniciação
dos novos empregados na vida
organizacional, os rituais de pas-
sagem e de despedida, bem como
os tratamentos protocolares dados
aos superiores. Também, a forma
em que se celebram as comemo-
rações institucionais.Ea importância
outorgada aos mitos institucionais
que se relacionam com as histórias,
epopéias e legendasdaorganização
e das pessoas marcantes e a forma
em que são transmitidas e viven-
ciadas. As formas de apresentação
(vestimenta, tratamento etc.) estão,
também, carregadas de significado.
10)
nos
estilos de negociação
. Na
mesadenegociação é aocasião em
queaparecem,com todaasua força,
ascaracterísticasediversidadescultu-
rais.Énessemomentoqueaparecem
– cruamente - elementos como o
etnocentrismo, o etnocentrismo
negativo estereótipos, valores e –de
forma geral – todos os ingredientes
de cada cultura específica.
Vários autores tentaram agrupar as
características básicas assumidas
por cada cultura no momento da
negociação. Assim, por exemplo,
Cassé e Deol tentam destacar os
aspectos mais relevantes – para a
negociação –das culturas japonesa,
norte-americana e latino-americana
(neste caso, sem considerar o estilo
brasileiro
12
).
AGERÊNCIA
INTERCULTURAL
Todo o exposto nos permite afir-
mar que as variáveis culturais são
1. Em1952,AlfredKroeber andClydeKluck-
hohn compilaram uma lista de mais de 130
definições de “cultura” em
Culture: a
CriticalReviewofConceptsandDefinitions
,
Papers, Peabody Museum of American
Archaeology and Ethnology, Harvard Uni-
versity,Vol. 47, 1952.
2.Hofstede (1997:260)defineculturacomoa
programaçãocoletivadamentequedistingue
osmembrosdeumgrupooucategoriadepes-
soasdosdeoutrosgruposoucategorias.
3. Para uma boa síntese da evolução do con-
ceitode cultura, ver Cuche, Denys.
La notion
de culturedans les sciences sociales
. Paris: La
Découverte, 1996 (Repères205).
4. Escapa às intenções deste artigo entrar na
discussão sobre os conceitos de nação e de
nacionalidade. Baste afirmar aqui que con-
sideramos que nacionalidade é um conceito
dinâmicoque inclui um sentimentodecomu-
nidadede território,de idiomaede tradição,e
avontadedeviver conjuntamenteecomuma
mesma–emuitogenérica-aspiraçãopolítica
(Cf.Michaud1978: 115).
5.Michaud (1978: 114) define“grupoétnico”
comoumarealidadecoletivaconstruídamuito
antigamente e geralmente estável, mas em
transformação permanente, que mantém re-
lações dialéticas com seus vizinhos. Segundo
o autor, oque define normalmente um grupo
étnico é a língua, um território sem fronteiras
rígidas, umaculturaoriginal, aconsciênciade
NOTAS
ES
PM
de tal importância que a vida da
instituição e, principalmente,
a realização de negócios no
cenário internacional dependem
substantivamente delas. A sua
relevância nos contextos globali-
zados levou ao aparecimento de
disciplinas de gestão destinadas
a lidar com a crescente neces-
sidade de trabalhar na intercul-
turalidade.
Nos institutos de gestão europeus
criou-se a disciplina denomi-
nada de gerência intercultural
(
Management interculturel ou
Intercultural Management
), que
Méier (2004:242) define como o
conjunto de métodos e técnicas
gerenciais que reconhece e leva
em conta as diferenças culturais
e tenta, através de ações organi-
zacionais e relacionais, inseri-las
no exercício das funções da em-
presa para melhorar assim o seu
desempenho
13
.
A premência no caso europeu
surgiu da necessidade de elimi-
nar ou equacionar os profundos
obstáculos culturais que pertur-
bavamos processos de integração
no âmbito da União Européia.
Os principais centros de pesquisa
em administração desenvolvem
hoje um amplo esforçodestinado
a determinar e analisar as variá-
veis culturais como elementos
condicionantes do desempenho
gerencial e administrativo, bem
como para encontrar métodos
que ajudem a evitar conflitos e
permitam desenvolver sinergias
entreestilos empresarias eorgani-
zacionais diversos.
Trata-se de encontrar meios que
facilitem uma fluida comunicação
intercultural, para oque é necessário
desenvolver, como sugeremGauthey
eXardel (1990:120):
1
. acapacidadedeempatia
2
. acapacidadede
adaptadabilidadeeflexibilidade
3
. acapacidadedeescutar ooutro
4
. acapacidadedenão julgar
5
. acapacidadede suscitar respeito
6
. acapacidadedeaceitar a relatividade
dasprópriaspercepções econhecimento
7
. acapacidadede tolerar a
ambiguidadeea incerteza.
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