Julho_2006 - page 122

produtos, do ponto de vista do que
pode ser consumido para além do
espetáculo...
- Uma grande diferença
é a velocidade com que as coisas
acontecem. Antigamente, dizíamos:
"estamos em processo de mudança"
e isso significava mudar do pontoAao
ponto B. Hoje, mudança é um estado
permanente das coisas, com uma ve–
locidade que édifícil acompanhar..
- Sendo sintético - e usan–
do a idéia do professor Gracioso, das
arenas -, vejo que o próprio con–
ceito de arena precisará, em breve,
ser repensado, porque uma arena de
comunicaçãocircunscreveumespaço
específico. E a realidade que estamos
experimentando mescla arenas; não
se encontra uma arena pura. Por
exemplo, não se trata mais de estudar
linguagens publicitárias em meios
digitais, porque esses meios digitais
estão misturados com experiências.
Então você está num supermercado
e pode haver um dispositivo digital,
em que você vê o preço, e haverá um
bonequinho que fala com você, mas
não se restringe ao objeto digital, à
mídia digital. Chamo esse projeto de
G.A.M.E.S 2.0, porque ele duplica
cada uma dessas letras, traduzindo:
Gêneros e Gramáticas dos Arranjos
e Ambientes Midiáticos Mediadores
de Experiências de Entretenimentode
Sociabilidade e Sensorialidade. E, ao
mesmo tempo, voltoà idéia da cultura
do 2.0, onde todo mundo participa.
Teremos aqui uma arena híbrida que
vai nos dar muito trabalho.
- Vinícius, você viajou muito
mais do que apenas do Rio para São
Paulo..
- Como palavra final, gos-
taria de destacar que o universo
acadêmico pós-moderno olhou as
transformações - principalmente
tecnológicas - do mundo contem-
porâneo, a partir de uma atitude
crítica negativa, ao invés de uma ati–
tude crítica investigativa. Com isso,
de certa forma, "perdeu o bonde"
para progredir em uma série de coi–
sas que seriam tarefas da academia.
Lembro-me das discussões -quando
surgem as primeiras coisas digitais,
a internet - e como isso iria isolar
as pessoas. Esquecem-se de que a
leitura é uma das atividades mais
individuais e isolantes que existem,
e opera com uma única trilha cogni-
tiva. Os meios digitais, ao contrário,
operam com várias trilhas cog-
nitivas, mobilizam vários senti-
dos e, em vez de isolar, ligaram
as pessoas a um universo am-
plo, que transcende fronteiras
nacionais e expandindo novas
capacidades cognitivas importantes.
Sabe-se que cérebro humano é
usado em apenas uma fração das
suas potencialidades e será interes–
sante ver como esses estímulos serão
capazes de ampliar essa capacidade
cognitiva. A juventude atual é uma
prova disso, com a capacidade de
fazer várias coisas simultaneamente.
Acho que temos ainda a perspec–
tiva temporal e crítica para avaliar
isso e muitas outras coisas. Repito
que um dos problemas da pós-mo-
dernidade é essa atitude de crítica,
de negação dessas transformações
contemporâneas, em vez de dirigir
uma atitude crítica de investigação
sobre essas transformações.
-Acho que uma das vantagens da
pós-modernidade é que ela ainda não
acabou.. (risos) Oque eu quero dizer
com isso é que nós ainda estamos em
tempo de contribuir, de fazer alguma
coisa para encontrar os melhores
caminhos e para escolher. E acho
que vocês deram uma enorme con–
tribuição para a nossa Revista e para
a nossa Escola. Muito obrigado.
1...,112,113,114,115,116,117,118,119,120,121 123,124,125,126
Powered by FlippingBook