Julho_2006 - page 121

mais concorrentes a disputar em um
campo que era só dela..
JR
- A disputar até a atenção das
pessoas.
POND E
- Não há dúvida que mui–
tas pessoas estão refletindo sobre
o que pode acontecer. Há poucos
dias, eu estava numa agência e
alguém me dizia: se você quiser
a atenção da moçada de 14 ou
15 anos, nem pense em fazer
propaganda na televisão, porque
eles estão diante do computador.
Quando pensamos - para onde vai
a comunicação? -, temos de lembrar
que a comunicação é um sistema
natural do ser humano, do ponto
de vista evolucionista; nesse diálogo
entre filosofia, ciências sociais, psi–
cologia e comunicação - objetos
que me parecem importantes para
quem trabalha com comunicação
ou com propaganda. Gostaria de
citar três áreas importantes a serem
consideradas como objetos a ser
vendidos, objetos de desejo e que
podem, inclusive, influenciar o
próprio formato de como a comuni–
cação se dá. A primeira é a religião:
Marx, Freud e companhia acharam
que iam resolver, falando
deópio, alienação, mas o
fato éque a reiligião é bem
mais compl icada, mais
estrutural na condição
humana e diretamente
ligada ao problema do
sentido. Então, religião
como produto, como formato,
como linguagem. Um aluno nosso
freqüentou igrejas evangélicas e per–
cebeu que o fenômeno evangélico
é um fenômeno fundamentalista,
com categoria meio vaga, ampla.
Eles usam
games
que têm Jesus
como símbolo do que você tem de
fazer, como aquele que combate
e vence; o demônio como a figura
de que você deve fugir, não deve
querer. A religião assume a estrutura
clássica de drama, como formato da
vida, interpretação absoluta, grande
espetáculo, num diálogo direto com
a indústria cultural, no sentido da
pseudociência. A religião será um
campo importante para a formação
de quem pensa em publ icidade
e comunicação em geral. Outra
questão: recentemente estive em
um congresso de terapia familiar
cujo título era "Amor, uma questão
de sobrevivência". A importância da
temática em torno de amor e família
como produtos, como construção;
essa idéia de se tornar as coisas
familiares; de poder construir um
cotidiano. O desafio de se conseguir
ou não estabelecer uma relação du–
radoura com as pessoas, a temática
do afeto, não só do sensorial, mas
do afeto e do amor e da família, do
sentimento da solidão. Penso no
conceito, como linha de produtos:
produtos que têm a ver com amor,
com família; a linguagem associada
a isso parece-me que vende. E o úl–
timo item é o eixo que existe entre
a depressão e a felicidade. É sempre
difícil fazer comparações na história
da espécie humana, pois somos, fi–
siologicamente, oqueéramos há50
mil anos. Omundo de hoje é pior do
que há 40mil anos? Naquela época,
gente podia virar jantar de outra es–
pécie, a qualquermomento-estáva–
mos dentro da cadeia alimentar. Esse
tema da depressão e da felicidade é
central. Todas as tecnologias devem
produzir esse tipo de felicidade, das
formas mais sofisticadas. Trata-se de
outra frente da linguagem e para os
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