Julho_2006 - page 118

professor está-se referindo à etapa
mais avançada do entretenimento,
que - inclusive - interessa direta–
mente ao campo da propaganda e
do marketing que usam o entreteni–
mento como uma linguagem. Isso
pode ter um aspecto muito positivo;
pode, acredito, ser pensado - den–
tro de uma escola de comunicação
- como uma ferramenta de negócio.
Mas também podemos pensar nisso
criticamente, porque pode virar uma
linguagem universal, que se impõea
todas as esferas das práticas sociais.
Ou seja: o professor terá de ser um
entretenedor, o político terá de ser
um entretenedor, opadre terá de ser
um entretenedor..
JR
- Isso não está tão longe de
acontecer...
VINÍCIUS
- Concordo. Estou apenas
qualificando isso como a terceira
etapa do entretenimento, e não ne–
cessariamente como espetáculo. Por
isso parece-me que o entretenimento
devaserobjetodeestudohoje, nesteseu
terceiromomento: odos seusexcessos.
O fato de eu não conseguir hoje dar
aulas para os alunos, a não ser que eu
seja uma espécie de ator, malabarista,
entretenedor, parece-me um desvio de
ummodelo de pedagogia.
JR
- Sem dúvida, você tem razão.
Mas permita-me trazer isso mais
próximo da comunicação, da propa–
ganda e do marketing. Há não muito
tempo, nossas atividades eram mais
ou menos "lineares": o consumidor
assistiaaonossocomercial, elaborava
a mensagem e ia ou não ia comprar
o produto, naquele mundo mais
simples.. De repente - como fica
evidentenessassuasváriasexposições
-, um mundo onde os estímulos se
interpenetram de maneira múltipla,
diversificada, deixa de ter essa certa
clareza. O pobre do publicitário, do
profissional de marketing - inclusive
os que estão sendo preparados nesta
Escola -, ao tentar desenvolver ativi–
dades "estratégicas", fica diante de um
dilema: o que fazer, nesse contexto,
para tornar um produto ou serviço
interessante?
GRACIOSO
-Você está mostrando,
justamente, a importância cada vez
maior do impacto da mensagem.
PONDÉ
-Tododebateacabasofrendo
o que o próprio Pierre Bourdieu diz,
sobre a televisão: ficamos travados na
estrutura e não conseguimos apro–
fundar as questões..
VINÍCIU S
- Depende do sin–
toma; outros podem sentir-se
acossados.
POND É
- Certa feita, nu m
almoço, conversando com
minha mulher, minha filha, meu
filho e a namorada dele - que têm
20 e poucos anos -, falávamos so–
bre a parada gay e casamento entre
homossexuais -, alguma coisa sobre
liberdade de comportamento. Minha
nora - que vem de uma pequena ci–
dade do interior dizia: "Vocês falam
desse problema como se metade,
ou mais, da humanidade fosse ho–
mossexual. Na minha cidade não
conheci ninguém assim...". Isso me
veio como exemplo do que é a re–
lação entre a teoria e o mundo real.
Às vezes, a gente produz todo um
discurso e uma teoria sobre omundo
e cria-se uma tribo mais ou menos
homogênea. Quando se falou aqui
que o fenômeno pós-moderno é um
fenômeno acadêmico, eu concordo.
O fenômeno pós-moderno não me
parece uma coisa estranha ao meio
que o produziu. Com isso, não
quero dizer que essas coisas não
sejam importantes. Esse mundo da
comunicação, a sociedade do es–
petáculo, transparência absoluta e
total - e aí eu bato na tecla de que»
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