Janeiro_2008 - page 80

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JANEIRO
/
FEVEREIRO
DE
2008 – R E V I S T A D A E S P M
Mara Cristina
Gabrilli
novo até hoje. Eu tenho que ficar
prestando atençãonoque ele está
tentando me dizer, porque não é
óbvio!
JR
– Você não acha que há um
imenso desperdício das pessoas
que não têm deficiência, de não
se sintonizar mais com o próprio
corpo?
MARA
– Eu acho. A organização
dos movimentos do nosso corpo
organizanossopensamento.Uma
coisa está ligada à outra. Todo o
trabalho que você despende com
ocorpo, todaatençãoquevocêdá
ao corpo, vocêdápara suamente,
para suaalma, para suas emoções,
para a sua vida.
JR
– Tudo é uma coisa só: corpo,
alma, sentimentos?
MARA
– Com certeza.
JR
– Sabe que essa é uma visão
considerada pós-moderna? Um
amigo meu e colega seu, psicó-
logo, diz que, na modernidade
racional, só valia a cabeça, as
pessoas não entravam em sintonia
como restodo corpo, dopescoço
para baixo...
MARA
– A gente não pode se
fragmentar. A minha atitude com
o meu corpo é a minha atitude
com os outros corpos de que eu
cuido, na cidade, e levam-me a
umaatitudededevoção, dequerer
transformar, querer melhorar, de
enxergar e ir atrás daquilo que
tem para se ganhar; e não ficar
pensando o quemudou, o que se
perdeu. Nunca fui dessa linha. Eu
sou de ficar buscando as poten-
cialidades, tanto emmim quanto
nos outros.
JR
– E a mistura da Publicidade
com a Psicologia somou para
você?
MARA
– Perfeita. Maravilhosa.
Para a publicidade, é importantís-
simo conhecer o ser humano,
o funcionamento psíquico das
pessoas. Conhecendo-as, é mais
fácil agradá-las, saber o que vai
despertar a sua curiosidade. E é
uma ferramenta importanteparao
marketing, porque se sai daquele
universo intimista, muitas vezes
ensimesmado, de ficar buscando
só a questão do pensamento e do
sentimento, você sai do indivíduo
e considera omercado. Acho que
leva a um equilíbrio muito inte-
ressante.
JR
– Você acha que – para o seu
trabalho – a publicidade tem sido
útil; e os seus conhecimentos
sobre como atrair a atenção das
pessoas?
MARA
–Totalmente.Usoessas fer-
ramentas da minha formação em
tudo que faço. Junto com a ativi-
dade de psicóloga, eu fundei uma
ONG, para estimular a pesquisa
de cura de paralisia e melhorar
a qualidade de vida das pessoas
com deficiência. Comecei a fazer
campanhas em restaurantes, com
artistas plásticos, consegui pa-
trocíniode óperas, para arrecadar
fundoparaapesquisa.Quer dizer,
“PARASEDEFINIRAPESSOACOM
DEFICIÊNCIA, ÉPRECISO JULGARA
CONDIÇÃOSOCIAL.”
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