Janeiro_2008 - page 85

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R E V I S T A D A E S P M –
JANEIRO
/
FEVEREIRO
DE
2008
Entrevista
eu fico numa condição complicada,
nãopossome locomover–entãonão
posso fazer mais nada? Quebrar o
pescoço jáéumproblema, aí depois
eu não posso freqüentar aminha fa-
culdade? Issoémuito triste.Paramimé
inadmissívelaPrefeituradeSãoPaulo
fazerumTelecentroenão lembrarque
háumcego, queprecisadeumcom-
putadorcom
software
devoz,porque
– se tiver isso–eledeixade ser cego.
Se a Prefeitura fizer um Telecentro
sem isso, ela estará desrespeitando a
Constituição, limitandoaspessoasque
podem freqüentá-lo.
JR
–Apesardisso,Mara,continuamos
sendo um país onde existem essas e
outras deficiências. Você não sente
frustração por ver que não se está
fazendo um investimento maior no
ensino básico, na educação para in-
tegrar todas aspessoas?
MARA
– Nosso senador Cristovam
Buarque grita por todos os lados
a necessidade da educação. Acho
que ele tem toda razão. Outro dia
saiu no jornal uma notícia sobre a
falta de capacitação do trabalhador
brasileiro... Não se referia às pessoas
com deficiência, mas são todos! Só
quequando issocheganapessoacom
deficiência, torna-seaindamaisgrave.
Vi uma pesquisa de que apenas 1%
das mulheres com deficiência teve
oportunidadedepassar pelaescola...
JR
–Ou seja,mesmoconsiderandoo
segmentodepessoascomdeficiência,
deveriahaverumenormeinvestimento
noensinobásico...
MARA
–Eunãodesanimo.Vejaomeu
percurso.Primeiro, eumeacidentei e
fiquei nessa situação. Aí comecei a
travarcontatocomasituaçãodaspes-
soascomdeficiência,naminhacidade,
nomeupaísepercebi comoeradifícil.
Issocomeçouame incomodar,causou
umainquietaçãomuitogrande,entãofui
láe fundeiumaorganização...
JR
–Qual foiessaorganização?
MARA
–Chamava-se Projeto Próximo
Passo, hoje é o InstitutoMara Gabrilli
– e o Projeto tornou-se um braço do
instituto.
JR
–Quembancouasuaorganização?
MARA
–Nocomeçoninguémbancou
nada, eu fui atrás de patrocínio. Hoje
são 85 atletas com deficiências, que
competemdentroeforadoBrasil,atletas
deponta.Aorganizaçãoficadentroda
FórmulaAcademia.Eutenhopatrocínio
da Fórmula, da TAM, da Kappa, do
Makro,comcestasbásicas,tenhovários
patrocíniosquemantêmosmeusatletas;
aífuiampliando,porqueviaqueosmeus
atletastinhammuitadificuldadedeche-
garaos lugares;perdiam treinos,porque
não conseguiam chegar, não conse-
guiam fazer três quarteirões namesma
calçada.Entãoeucomeceiaficarmuito
brava, edecidi quequeriamudar a ci-
dade,foiquandomecandidateiaverea-
dora.Aí odestino temcaminhosmuito
loucoseacabeime tornandoSecretária
e comecei a trabalhar isso dentro do
poderpúblico.Eunãodesanimoporque
euestouvendoque tudoestámudando
-eagentepode interferir.
JR
–Nesta suaáreadeatuação, não só
aação,masadivulgaçãoquevocêdáa
ela, traz resultado?
MARA
–Traz resultados de impacto, e
são resultados para toda a população:
porque, se a cidade consegue acolher
uma pessoa com deficiência, ela vai
“COMECEI A FAZERCAMPANHASEM
RESTAURANTES, CONSEGUI PATROCÍNIOS...”
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