Janeiro_2008 - page 81

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R E V I S T A D A E S P M –
JANEIRO
/
FEVEREIRO
DE
2008
Entrevista
o objetivo era a pesquisa, mas o
ferramental eramercadológico, de
acordo com aminha estrutura. Só
consigo trabalhar assim.
JR
– Nesse sentido, o que você
aprendeu na ESPM contribuiu
positivamente?
MARA
– E continua contribuindo.
Por exemplo, quando cheguei à
Prefeitura, como secretária mu-
nicipal, eu não tinha a mínima
experiência. Comecei a raciocinar,
a pensar nas empresas, em como
atingir a todos com a mensagem
daspessoascomdeficiências: tinha
uma mensagem para passar para
as pessoas e que tem de funcionar
dentro do poder público, com o
prefeito, comos secretários, dentro
da prefeitura; tem de funcionar na
iniciativaprivada; temde funcionar
no terceiro setor ena sociedadeem
geral. E é preciso transmitir uma
mensagem, de forma tal, que leve
as pessoas a quebrarem suas bar-
reiras de atitude. Só assim a gente
vai conseguirmarcar aquestãodas
pessoas comdeficiência.Tudo isso
émarketing...
JR
– Para chegar à mudança de
comportamento, o marketing e a
propaganda lhederamalgunsbons
instrumentos. Mas você tem sido
uma grandedefensora –não sóde
que as empresas cumpram a lei,
que a gente sabeque é importante
– mas tem sido muito persuasiva
emconvencê-las deque fazemum
bom negócio, ao contratar profis-
sionais com deficiência. Fale um
pouco sobre isso.
MARA
– A Lei de Cotas foi real-
mente transformadora, importante.
Em2001, quando aDelegaciaRe-
gional doTrabalho e oMinistério
Público começaram a fiscalizar
as empresas, havia 600 profissio-
nais com deficiência trabalhando
em todo o Estado de São Paulo.
Chegamos em2007 com cerca de
80 mil pessoas com deficiência
trabalhando. Uma fantástica evo-
lução e inclusão nomercado. Al-
gumas empresas contratarampara
cumprir a lei e não pagar multas.
Masmuitas perceberamque essas
pessoas trazem novos benefícios.
Numa análise sociológica mais
profunda, trazemmesmo, porque
estamos trabalhandoadiversidade
humana e tudo que contempla a
diversidadehumana acaba saindo
com mais qualidade. As pessoas
param para olhar a diferença do
outro, e para refletir mais sobre
ela. Esse entrosamento nomerca-
dode trabalho acabamelhorando
o desempenho de todo mundo.
Isso acontece no trabalho, e na
escola também. Uma criança que
estuda com outra, que tem sín-
drome de Down, passa a ter uma
outradimensãodapotencialidade
do ser humano. Essas pessoas fica-
ram excluídas tantos anos, com
tanta dificuldade para conseguir
trabalho, que valorizam demais o
empregoassimconseguido. Então,
muitas vezes, têm características
de superação e de disciplina que
acabam sendomaiores atédoque
as pessoas que não fizeram tanto
esforçopara conseguir um empre-
go. Pelas informações que tenho
recebido, as empresas têm ficado
satisfeitas com as contratações;
mas estão, agora, comdificuldade
de contratar: há mais de 100 mil
vagasdisponíveis eédifícil encon-
“ASEMPRESASTÊM FICADO
SATISFEITASCOMASCONTRATAÇÕES.”
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