Janeiro_2008 - page 13

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R E V I S T A D A E S P M –
JANEIRO
/
FEVEREIRO
DE
2008
MARCELO
– Eu gostodos contatos
comos jovens, entãovouaproveitar
para dar um bom conselho: trata-
se de uma ótima opção, mas se o
foco é trabalhar noque chamamos
de “circuito ElisabethArden” – em
Londres, ParisouNovaYork–então
talvez não seja a Unilever onde
você tem de trabalhar...
JR
–Mas e se esse jovem for abso-
lutamente ótimo, você o deixaria
ir embora, sem falar com os seus
colegas de Nova York, Paris ou
Londres?
MARCELO
– É possível que eu fa-
cilitasse, para ele, um contato com
meu colega dos Estados Unidos,
teria uma conversa com ele.
JR
–Você acha que o brasileiro de
modo geral se exporta bem?
MARCELO
– Não é somente no
Brasil, mas na América Latina. Os
jovens que procuramos, não só
com nível de educação, mas com
a formação, energia, comprome-
timento... Essas pessoas em geral
tiveramnível de educaçãodiferen-
ciadoe sãomuitocompetitivas, em
qualquer lugardomundo.Maseles
não representamamédiabrasileira,
argentinaoumexicana. Essecírculo
virtuoso, de que falamos antes, faz
com que eu consiga atrair pessoas
que tiveram e aproveitaram um
nível de educação excelente. E se
as pessoas têm isso, somando a
flexibilidade, vivemnumambiente
diverso, eles fazem sucesso.
JR
– Não é, então, nada como o
futebol?
MARCELO
– Razão do meu amor
e sofrimento.
JR
– Nisso, estamos juntos, pois
nossos dois países são exportado-
res de craques. Mas não brinco:
será que o executivo brasileiro ou
argentino se compara de alguma
forma ao jogador de futebol?
MARCELO
– Nunca pensei, nesse
sentido.
JR
– Eu era jovem e vivia em
Nova Iorque, houve um torneio
internacional – e veio uma equipe
espanhola que tinha um jogador
brasileiro, que se chamava Índio.
A gente assistia ao jogo e perce-
bia que o jogador brasileiro era
“diferente”, havia algo mágico no
jogador brasileiro.
MARCELO
– É um paralelo inte-
ressante. Nem todo exportador de
talento é igual e eu diria que pode
haver uma “fome” de aproveitar
oportunidades fora, por pensar:
“não tenho direito de não aprovei-
tar”. Lembro-me, na Argentina, de
alguémme respondendoàpergun-
ta: você quer uma oportunidade?
“Eu batalhei muito, para chegar
aqui, e meus pais também bata-
lharam; eunão tenhodireitodenão
aproveitar”.Talvez tenhaumpouco
a ver com isso. Acontece também
na Espanha e Itália, eles devem
pensar: está aí a oportunidade, eu
possomudar aminha vida e a dos
meus filhos...
JR
– Bom se isso fosse inteira-
mente verdade, os jogadores de
outros países tambémbrilhariam.
A revista
The Economist
, há al-
guns anos, publicou um encarte
sobre o Brasil em que afirmava
que os executivos brasileiros
são surpreendentemente com-
petentes. Não dizia com ironia,
mas apenas que estava acima
da expectativa dele. E estabe-
lecia uma comparação entre a
empresa privada no Brasil e a
administração pública, dizendo
que a administração pública
deixava muito a desejar, mas
que – na administração privada
– os executivos tinha excelente
nível. Isso poderia ser uma
tendência?
MARCELO
–Acho que é. Porque
todos os dias um novo executivo
brasileiro brilha, em ambientes
muitodiferentes doque temos no
Brasil, em companhias globais ou
multinacionais. Para mim é uma
tendência, e o grande desafio
é como fazer crescer a escala,
como gerar nível de informação
e educação que possibilite que
isso aconteça.
JR
– Na ESPM estamos muito
atentos a esse processo de
internacionalização dos profis-
sionais e das empresas brasilei-
ras. Muito obrigado pelo seu
depoimento.
ES
PM
“ÉUMMITOQUEASMULTINACIONAIS
PAGUEMMELHORESSALÁRIOSDOQUE
ASNACIONAIS.”
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