Janeiro_2008 - page 9

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R E V I S T A D A E S P M –
JANEIRO
/
FEVEREIRO
DE
2008
JR
– Marcelo, você sempre atuou
em Recursos Humanos ou veio de
outra área?
MARCELO
– Sempre – embora um
pouco por acaso. Minha formação
é em Ciências Econômicas, pela
Universidade de BuenosAires (que
corresponde àUSP, em São Paulo).
Masaoportunidadequehavianuma
multinacional importante – que era
o que eu queria –, estava em RH.
Fizeramcomigoumacordodecava-
lheiros: eu começava em Recursos
Humanose, emumano, seria trans-
ferido para a área financeira. Um
ano depois, eles honraram o acordo
e aí enfrentei um tremendo conflito
pessoal, mas respondi: “Agradeço,
masestougostandoenão tenhomais
certezasequeromudar”.Enuncamais
deixei a área de RecursosHumanos,
embora tenha passadopor diferentes
áreas e operações, em diferentes
países. TrabalheinaPhilips,naArgen-
tina, durante seis anos, e, em 1991,
fui para a Unilever Argentina, onde
trabalhei nasdiferentesdisciplinasde
RH – recrutamento e seleção, desen-
volvimentode talentos, fui gerentede
RH na fábrica, até participar da inte-
graçãodas trêsempresasda regiãodo
Prata: Argentina, Uruguai e Paraguai.
DepoisaUnilever iniciouumproces-
so de aquisições – similar ao que
aconteceu no Brasil – e eu tive uma
funçãodesupervisãodoprocesso.Aí,
fuiconvidadopara trabalharnoHead
Office, em Londres, na unidade de
negócio da Unilever para América
Latina.
JR
– Eu também cursei a faculdade
de economia. Não lhe faltaram al-
guns ingredientes importantes para
atuar na áreadeRH, tendo cursado
economia?
MARCELO
–Faltaram todos.Quan-
do se chega a uma posição mais
sênior, tem-se uma vantagem, que
é uma visão de negócios – por sua
formação econômica –que facilita;
mas, quando se está em posição
mais operacional, se não tiver a
sorte de estar em uma companhia
como a Philips ou a Unilever, que
lhe forma, internamente,que lheen-
sina,vocêvaienfrentardificuldades.
Costumo recomendar aos jovens,
que são psicólogos, sociólogos,
fazer um MBA. O que você traz
do mundo acadêmico sempre en-
riquece, pois, nomínimo, você faz
network
, conhece gente com nível
que teenriquece,masnãoé tão rica
paraalguémque jáestudouadminis-
tração ou economia como é para
quem trabalhou totalmente na área
de humanas. Mais objetivamente:
Philips e Unilever ensinaram-me a
maior parte doque sei.
JR
– Encerrando a parte biográfica:
como foi a suaestadana Inglaterra?
MARCELO
– Londres e Roterdam
sãoosdoiscentrosdaUnilever,mais
Londres;mas –naquelemomento–
estavabemdividido. Fui comminha
família para lá, e trabalhei pouco
mais de dois anos. Quando uso a
expressão“trabalhar”é jeitode falar,
porque, na verdade eu trabalhei na
BritishAirways... SendodeRecursos
Humanos tinhadeestar emcontato
com as operações. Então, duas, três
semanas por mês eu passava na
América Latina, porque era onde
estavam as pessoas; sobretudo no
nortedaAméricaLatina,queneces-
sitavamais apoio, pois Brasil, Chile
eArgentinaerambemdesenvolvidos
naáreadeRecursosHumanos.Creio
que agradei, pois, no começo de
2001, eu vim para oBrasil...
JR
–OBrasil temuma boa imagem
internacional, então?
MARCELO
–OBrasil aindanãoera
comoéhoje, a terceiraoperaçãoda
Unilevernomundo.Mas, dentroda
AméricaLatina–eparamim, como
argentino, o Brasil tinha mágica
– era ummonstro, imenso... Qua-
tro vezes maior do que a empresa
na Argentina. E não era só isso:
as coisas que eu ouvia, do Brasil,
dos Recursos Humanos no Brasil,
certa ousadia. Mas eu me sentia
confortável, porque tanto no Brasil
como na Argentina, a Unilever é
uma companhia desejada pelo pú-
blico.Mas sabiaqueodesafio seria
muitomaior.
JR
–Você já veio como chefe?
MARCELO
– Não exatamente na
posiçãoque tenhohoje. Euera líder
deRecursosHumanosparanegócio
de
homecare
,
personal care
e tinha
função nacional; mas havia um
responsável por RH no negócio de
“SENÃOESTIVESSENAUNILEVER,
PROVAVELMENTEEUSERIAUM
LÍDERSINDICAL...”
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