Janeiro_2008 - page 10

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JANEIRO
/
FEVEREIRO
DE
2008 – R E V I S T A D A E S P M
alimentos e outro no negócio de
sorvetes. Há dois anos, a empresa
implementa um projeto chamado
One Unilever, e tornou-se, real-
mente, uma companhia integrada,
sem divisões.
JR
–AUnileveréumadessasempre-
sasque têmmuitosvice-presidentes
ounão?
MARCELO
–Antes tinha,masagora
menos. Temos um vice-presidente
para Recursos Humanos e Finan-
ceiro. Temos um de Supply Chain,
que cuida de toda a logística e
distribuição.Temosoutrovice-presi-
dente de Customer Development.
Até há pouco tempo, tínhamos
um vice-presidente de marketing,
agora temos dois: um para
home
care
e
personal care
, e outro para
alimentos. E temosdiretoriascorpo-
rativas, para assuntos corporativos,
jurídicos. No mundo, também, a
Unilever diminuiu a quantidade de
vice-presidentes. A estrutura está
mais enxuta.
JR
–SevocênãoestivesseemRH,em
queáreavocêgostariadeestar?
MARCELO
– Dentro da Unilever,
provavelmente seria em
customer
development
, trabalharia na área
de vendas. E, se não estivesse na
Unilever,provavelmenteeuseriaum
líder sindical...
JR
–Você não acha que existe uma
forte proximidade entre um líder
sindical e umhomemde vendas?
MARCELO
– Verdade! E também
entre um líder sindical e um líder
de Recursos Humanos. Costumo
dizer a eles: “vamos brigar muito,
vamos discutir muito, mas podem
ter certeza que - aqui dentro- sou
oprincipal defensordascoisas lógi-
casquevocêspleiteiam”.Tenhoum
grande respeito pela função deles.
JR
–Umamultinacional, no Brasil,
pode ser o céu ou o inferno. Ex-
plico: há duas visões. Uma, que a
multinacional é ótima, paga bem,
os benefícios são fantásticos... E
tem aoutra, umpoucomais cínica:
multinacional é uma máquina
que explora as pessoas, “tira o seu
sangue...”
MARCELO
– Nem é céu, nem
é inferno. Nós, homens, muitas
vezes –para tornar avidamais fácil
– procuramos simplificar as coisas
e achamos que tudo que não está
nocéuestáno inferno.Aceitar uma
premissa radical poderia significar
que tudoquenão formultinacional
seráo inferno...Pessoalmente, acho
queestámuito longedesero inferno
e–provavelmente–umpoucomais
perto do céu. Mas nem no céu as
multinacionais pagam melhores
salários do que companhias na-
cionais; isso é ummito. Talvez, no
passado, tenha sido assim. A visão
de que explora e extrai até a última
gota de sangue dos colaboradores
é uma visão domundo antigo, po-
larizado em capitalista X marxista,
e as multinacionais praticariam o
capitalismo selvagem. Veja uma
multinacional como aUnilever, no
Brasil (maspoderiam sermuitasou-
tras).Commaisde75anos, édifícil
achar que – durante tanto tempo
– tirou até a última gota de sangue
desta economia, deste povo e dos
seus funcionários...
Você pode fazer carreiramudando
cinco vezes de empresa, em 20
anos, ou pode ter a sorte de traba-
lharemumaondevocêpodemudar
de companhia dentro dela própria.
Acho que é uma característica de
turn over
interno. Você pode estar
namesmacompanhiae trabalharna
Argentina,na InglaterraounoBrasil.
Ou pode dizer: quero trabalhar em
um negócio de consumo, depois
escolher o mundo do sorvete ou
deprodutos industriais.Achoque a
multinacional tem a característica
de ter uma abrangência maior nas
possibilidades de carreira, mudar
de cultura, trabalhando na mesma
companhia.Mas será que, na outra
ponta, o “inferno”, é uma com-
panhia nacional?Vejo companhias
nacionais,noBrasil, emqueeu teria
um grande orgulhode trabalhar, de
dizer: trabalhei emumacompanhia
brasileira, quecresceuobedecendo
aumcódigodenormasdecondutas
e valores eque cresceunão só aqui
como também está crescendo no
exterior. Achoquecéue infernonão
têm a ver com sermultinacional ou
local, mas sim com o como essas
companhias trabalham...
JR
– Antes de vir para a ESPM, eu
costumava dizer que preferia tra-
balhar num lugar onde a sala do
dono fosse no quinto andar do que
“ESTÁAÍ AOPORTUNIDADE: EUPOSSO
MUDARAMINHAVIDA, EADOSMEUS FILHOS...”
Ð
Marcelo
Williams
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