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R E V I S T A D A E S P M –
JANEIRO
/
FEVEREIRO
DE
2007
A influência das religiões sobre as
empresas
objeto do trabalho de então, mas
a historicidade da empresa: é uma
empresa antiga, que tem consciên-
cia disso, e essa consciência cons-
titui-senumelemento fundamental
de sua identidade. Ao reivindicar
essa origem distante, a empresa
se coloca mais a partir da lógica
da origem e da genealogia do que
a partir do começo e da história.
Pode-se realizar uma análise a
partir do inconscientedaempresa.
Assim, suas relações com a re-
ligião são duplamente dialéticas:
ao mesmo tempo conscientes e
inconscientes, racionaise imaginá-
rias, teóricas e práticas.
No fim do século XVIII, a empresa
investiu no ramo têxtil e, a partir
do princípio do séculoXIX, entrou
para a siderurgia (aço laminado),
produzindobens industriais, como
o seu famosomoedordecafé. Jápor
volta de 1850, pode-se dizer que
os Peugeot tinham consciência de
seremosPeugeot,querdizer, sabiam
que tinham uma característica
única, uma identidade e, portanto,
umpassado e um futuro.
No fim do séculoXVIII, a empresa investiu no ramo têxtil
e, a partir do princípio do séculoXIX, entrou para a
siderurgia (aço laminado), produzindo bens industriais,
como o seu famosomoedor de café.
F
produziramummodeloquedenotauma
certaéticaprotestante.Essaéticaéainda
mais importante,poiséelaquesinaliza
o caráter único eo sucessoda família,
bastante significativosparaaeconomia
teológica.Aéticasemanifestaatravésde
valorescomorigor,discrição,excelência,
eficiência, respeito e superação. Ao
colocar essesvalores, aéticada família
estruturaaempresa,queseorganizaem
funçãodeles.
Quais os laços existentes entre a logo-
marca eo conjuntode valores da em-
presa?Aparentementeambospertencem
a mundos diametralmente opostos: o
primeiroremeteaoprodutoeà imagem
quesequer transmitir,enquantoqueos
valoresdevemorientaraempresa (seus
funcionários).
Na verdade, os produtos produzidos
porumaempresa revelamseusvalores;
no caso, a robustez do produto revela
Sabiam que tinham um destino e,
assim sendo,uma responsabilidade.
Isso se traduzia, desde essa época,
pela adoçãode uma logomarca – o
leão da Peugeot – que existe até
hoje, decorrido mais de meio sé-
culo, e significa robustez, rapidez e
potência.Duranteasegundametade
do século XIX, a Peugeot passa a
fabricarmotoresemotocicletas,que
a levarão a migrar “naturalmente”
para fabricação de automóveis.
OsPeugeot são impregnadospelaética
protestante, mesmo sabendo-se que,
logicamente, cadamembro da família
tem sua própria personalidade e sua
maneiraespecíficadereagiraessaética,
e lidar com ela. Não se trata, aqui, de
fé religiosa, nem de ritos ou práticas,
mas de valores que são conseqüência
de posições teológicas.Mesmoque as
posições tenham sidoabandonadasou
esquecidas,aspráticasdecorrentesdelas
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