Janeiro_2007 - page 23

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R E V I S T A D A E S P M –
JANEIRO
/
FEVEREIRO
DE
2007
feiçoamento da consciência e o
incômodo que sentia na empresa
foi se explicando.As causas da sín-
drome da infelicidade no trabalho
foram se tornando claras. Minha
visãodecomodeveria ser umaem-
presaespiritualizada seconformou.
Pouco mais de quinze anos atrás,
erao iníciodadécadadenoventas,
eu conversava com alguns colegas
dediretoriaecontavaminhas idéias
sobreo futurodas empresas. Em re-
sumo, eu dizia que só teriam lugar,
no séculoXXI, as empresasque, em
sua gestão, levassem em conside-
ração três pontos:
1.
Preocupação (eatuação) coma
saúde do planeta.
2.
Compromisso com o desen-
volvimento social da comunidade
e do país.
3.
Consciência de que o desen-
volvimento da empresa é a soma
dos desenvolvimentos individuais
de todos os seres humanos que a
fazem.
Naquele tempo fui tratado como
um sonhador, um alimentador de
utopias descabidas nomundo em-
presarial e esse meu pensamento
nunca foi levadoa sério. Por vezes
recebia o sorriso condescendente
que se dispensa nas empresas
àqueles que se afastam do rigor
da gestão cartesiana tradicional.
Mas muita coisa mudou de lá
para cá. Mais e mais empresas e
empresários já não acham essas
idéias sonhos descabidos – cresce
a consciênciadeque somos todos
habitantes domesmoplaneta, que
esseplaneta tem sidomal-tratado,
inclusivepor nossas empresas, que
asdesigualdades sociais têmde ser
trabalhadas para tornar o mundo
mais justoequeopequenomicro-
cosmodecadaempresaé formado
por seres humanos que devem se
realizar, serem felizes também
dentro do trabalho, como na vida
pessoal. Essa consciência é que
vai quebrar o duro materialismo
vigente no interior das empresas.
Vai acolher os seres humanos seus
funcionárioscomopessoas integrais,
quenãodeixam suasemoçõese seu
espírito do lado de fora da empresa
para vir trabalhar, vai introduzir a
espiritualidade nos negócios.
Essa espiritualidade simples e fun-
damental nãodeve ser confundida
com religiosidade. Ela reúneavida
material com a vida emocional, a
matéria com o espírito, acolhe a
convivênciadecadapessoacomo
Divino, sejaqual for suaexpressão
religiosa. Estimulaa solidariedade,
o sentimentode justiça, a sensação
depertencimentoauma sociedade
fraterna e harmônica.
Não temnadaaver comconteúdo
e prática religiosa, seja católica,
protestante, budista, maometana
ou outra qualquer. A eventual es-
colha de uma religião é exercício
do livre-arbítriodecada indivíduo
eemnada se relacionacomas em-
presas. Juntar religiões dentro da
empresa pode gerar desarmonia.
O compromisso com o
desenvolvimento social
da comunidade e do
país é fator fundamental
para a espiritualidade na
empresa.
F
O espírito da (nas)
empresas
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