Mesa-
Redonda
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R E V I S T A D A E S PM –
M A R Ç O
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A B R I L
D E
2 0 0 6
JR
–ConvidooGraciosoadar início
ao debate.
FG
– Gostaria de iniciar com os
primeiros comentários sobre como
cadaumdenós enxergao varejo –o
brasileiroprincipalmente–em termos
de estratégia, estrutura, problemas e
oportunidades. O Ricardo lembrava,
antesdedarmos inícioaodebate,que
o ano começou bem para o varejo.
Podemos tratar também da visão dos
varejistas sobreoquedeve acontecer
este ano. Por exemplo nas áreas de
material de construção ou de eletro-
eletrônicos ter-se-ia esgotado o
modelo baseado no crédito, que ala-
vancou as vendas durante os últimos
2anos?Naáreade supermercados, o
eterno problema do relacionamento
como fornecedor.Enfim, temosasorte
de contar com uma diversidade de
experiências em torno dessamesa, e
cada um poderia iniciar, falando sob
a ótica de seu setor.
FERNANDO
–Meuprimeirocomen-
tário – e acreditoque seja a visãode
todos – é sobre a importância que o
varejoestáadquirindo.Antes,quando
falávamosdodesenvolvimentobrasi-
leiro, ele era baseado na indústria
automobilística ou na construção
civil... Hoje, vemos que o varejo é
um importante elemento motor da
economia. Na verdade, existe uma
regra de que não há país avançado
sem um varejo avançado. Olhando
o panorama mundial, dificilmente
veremos um país avançado onde o
varejo também não o seja. No caso
brasileiro,estamospassandoporuma
revolução, na qual alguns setores de
distribuição estão vencendo as
etapas de atraso, com grande velo-
cidade.Ovarejomundial evoluiude
forma mais regular, mas o varejo
brasileiroestá fazendo issoaossaltos,
queimando etapas. Essa presença
maior do varejo, na economia, é
tambémdevidaamudanças docon-
sumidor brasileiro – especialmente
significativas nessa área demateriais
deconstrução.Nósachamosqueserá
um ano positivo para a economia.
Só que o Brasil ainda não resolveu
as suas grandes questões estruturais,
que são a reforma do Estado e a
redução da carga tributária – que
afetam todosossetores.Ovarejo,em
particular, é extremamente depen-
dente de renda – seja venda direta,
seja por meio de créditos e finan-
ciamentos.Nos últimos 2 anos, hou-
ve uma expansão brutal e apenas
uma janela de crédito foi aberta – o
crédito consignado, mas que conse-
guiu movimentar bastante a econo-
mia. Mas parece que esse processo
esgotou-se,emboraoendividamento
no Brasil seja muito baixo – falta
renda na ponta. Mas a visão é posi-
tiva; nãoéexplosiva. SóqueoBrasil
poderia tranqüilamente crescer 6 ou
7% de forma sustentável.
CARLOSANDRÉ
–Vejo o varejo se
profissionalizando com grande
velocidade, não só em tecnologia,
mas mais pelos esforços e investi-
mentos em capital humano, princi-
palmente nas grandes redes. Nosso
país abriu-se recentemente – com
alguns problemas, mas com benefí-
cios ainda maiores. Todos têm de
cuidar da profissionalização. Está
havendo um deslocamento demão-
de-obra do setor primário para o
secundário, do secundário para o
terciário, e a competição aumen-
tando. Mas, tanto no varejo, como
na indústria os custos são crescentes
– quer sejam tributários, fiscais ou
financeiros. A taxa de juros inibe o